quinta-feira, 7 de maio de 2015

Comandante critica secretário por ação contra professores em Curitiba


Confronto entre professores e PMs deixou mais de 200 feridos em Curitiba.
Francischini foi alertado sobre os desdobramentos, diz comandante.

Murilo BassoDo G1 PR

Policiais que faziam um cerco ao prédio da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) entram em confronto com manifestantes em Curitiba, durante protesto contra votação de projeto que promove mudanças na Previdência estadual (Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)Policiais que faziam um cerco ao prédio da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) entram em confronto com manifestantes em Curitiba, durante protesto contra votação de projeto que promoveu mudanças na Previdência estadual (Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)
Em carta ao governador Beto Richa, o comandante-geral da Polícia Militar do Paraná (PMPR), César Vinícius Kogut, afirmou que o Secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, participou do planejamento da operação realizada pela PM no último dia 29 de abril, que culminou no confronto entre policiais e manifestantes em frente à Alep.
(Correção: ao ser publicada, esta reportagem errou ao informar que César Vinícius Kogut deixou o cargo de comandante da Polícia Militar do Paraná. Ele permanece no cargo. O erro foi corrigido às 14h43.)
O comandante afirmou que a operação foi aprovada pela Sesp (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária) e que Francischini era informado das consequências da ação.

Na carta, o comandante da PM também repudia as declarações de Francischini, que atribuem exclusivamente à corporação a responsabilidade pelo confronto. Kogut diz que a Polícia cumpriu seu “papel constitucional de preservação da ordem pública, no intuito de impedir uma possível invasão da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná” e que o Secretário foi “alertado inúmeras vezes pelo comando da Tropa empregada e pelo comandante geral sobre possíveis desdobramentos durante a ação e que, mesmo sendo utilizadas técnicas internacionalmente conhecidas, pessoas poderiam sofrer ferimentos”.
 
Secretário de Segurança Pública do Parana, Fernando Francischini (Foto: Christopher Spuldaro/RPC)Secretário de Segurança, Fernando Francischini
(Foto: Christopher Spuldaro/RPC)
Em entrevista coletiva Francischini lamentou a atuação da PM. “Não tem justificativa. As imagens são terríveis. Nunca se imaginava que um confronto como esse terminasse de maneira tão lastimável, com as imagens que nós vimos. Nada justifica lesões, vítimas, de ambos os lados”, disse.

O secretário reafirmou que 20 policiais ficaram feridos e manteve a informação de que sete manifestantes presos foram identificados como integrantes de grupos radicais. Francischini também disse que a pasta contribuindo com a investigação do Ministério Público (MP) para apurar se houve excessos por parte da polícia.

Francischini não foi localizado para comentar as declarações do comandante.
Protesto no Paraná (Foto: Giuliano Gomes/ PRPRESS)Confronto entre policiais e professores deixou mais de 200 feridos (Foto: Giuliano Gomes/ PRPRESS)
Confronto
O protesto em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), no Centro Cívico da capital paranaense, terminou em confronto durante a votação do projeto do governo estadual de mudar a forma de custear a ParanaPrevidência, o regime da Previdência Social dos servidores do estado. O projeto foi aprovado em sessão extraordinária pelos deputados.

Segundo a Prefeitura de Curitiba, 213 pessoas ficaram feridas, em mais de duas horas em conflito, com uso de bombas e tiros de balas de borracha. Um cachorro da polícia mordeu um cinegrafista.
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Carta de Kogut critica postura de Francischini (Foto: Reprodução)Carta de Kogut critica postura de Francischini (Foto: Reprodução)