segunda-feira, 25 de maio de 2015

Greve de professores completa um mês sem previsão de acordo no PR


Esta é a segunda paralisação dos professores desde o início do ano letivo. 
Já são 49 dias letivos perdidos e cerca de 1 milhão de alunos prejudicados.

Murilo BassoDo G1 PR
Salas de aulas amanheceram vazias no Colégio Estadual José de Anchieta, em Londrina (Foto: Alberto D'Angele/RPC)Cerca de um milhão de alunos estão sem aula no
Paraná por causa da greve de professores
(Foto: Alberto D'Angele/RPC)
A greve dos professores e funcionários das escolas da rede estadual de ensino do Paraná completa um mês nesta segunda-feira (25) e permanece sem previsão de acordo com o governo estadual.
Esta é a segunda greve da categoria desde o início do ano letivo. Ao todo, com as duas paralisações, já são 49 dias letivos perdidos e cerca de 1 milhão de estudantes prejudicados.
A primeira greve dos professores da rede estadual iniciou em 9 de fevereiro, se estendendo até 11 de março. Já a segunda paralisação teve início no último dia 25 de abril.
Ao G1, o psicólogo especialista em educação Marcos Meier explicou que os maiores prejudicados com o impasse entre servidores e governo são os milhares de estudantes, que sofrerão com as alterações no calendário escolar. Por lei, os estudantes têm de ter, ao menos, 200 dias letivos durante o ano.
Diante do tempo perdido, neste momento, é preciso a colaboração dos alunos, ressalta o educador. “Os estudantes, sobretudo aqueles que irão prestar vestibular e o ENEM, precisam aproveitar ao máximo este período para estudar. É fundamental que o estudante colabore".
Os estudantes, sobretudo aqueles que irão prestar vestibular e o ENEM, precisam aproveitar ao máximo este período para estudar. É fundamental que o estudante colabore"
Marcos Meier, psicólogo especialista em educação
“Normalmente os primeiros dias de aula são destinados a revisões de conteúdos anteriores. Com a greve, o professor não terá tempo para realizar esta revisão. Então é preciso que o estudante corra atrás, busque material do ano anterior com colegas mais velhos e aproveite a greve para começar a se preparar”, completa.
Diante dos dias parados, Meier afirma que o planejamento dos professores está completamente comprometido.
“Nenhum professor gosta de greve, o acúmulo posterior de atividades é enorme. Serão perdidos dias usados para planejar e organizar aulas em julho e dezembro. E ainda não há como prever até quando as aulas de reposição irão ocorrer”.
Meier diz ainda que a paralisação já não é benéfica para nenhum dos envolvidos. “O Governo mancha sua imagem por não resolver um impasse que já poderia ter sido resolvido. Professores terão um acúmulo enorme de trabalho. Pais não tem onde deixar seus filhos e, lógico, esses jovens estão perdendo aula”.
Sobre o prejuízo para os alunos, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato), Hermes Leão, afirma que essa é uma preocupação constante para os profissionais da educação que estão longe das salas de aula.
"Temos conversado muito com os pais de estudantes para que o calendário de reposição não seja tão cansativo para os alunos. Já estamos estudando a ideia de que, por exemplo, os estudantes tenham uma aula a mais por dia. Para isso, talvez eles tenham que entrar mais cedo e sair mais tarde. Enfim, é uma das possibilidades, mas só poderemos acertar isso após o fim da greve", disse Hermes ao G1.
"Já que o governo não se preocupa com os servidores, poderia se preocupar com os alunos e com a educação e entrar em um acordo logo", reiterou o presidente do sindicato.
Reunião
O Secretário Chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, se reuniu na manhã desta segunda com parlamentares federais para discutir a greve dos professores. Segundo a assessoria da Casa Civil, participaram da reunião os deputados federais Alex Canziani (PTB), Sérgio de Souza (PMDB) e Toninho Wandscheer (PT).
Durante a tarde, Sciarra se reúne com o líder do governo do estado na Assembleia Legislativa (Alep), Luiz Claudio Romanelli (PMDB). “Nossa intenção é chegar ao índice de 8,17% de reajuste, mesmo que seja necessário parcela-lo em duas vezes”, disse Romanelli ao G1instantes antes do início da reunião.
“Esperamos ter uma resposta sobre o reajuste antes da sessão da Assembleia Legislativa desta segunda”, concluiu.
Protestos
De acordo com a APP-Sindicato, os 32 núcleos regionais de educação, estão fechados nesta segunda. A entidade alega que a ação ocorre em protesto às ameaças sofridas por professores pelo governo do Estado; professores e funcionários estariam sendo intimidados a retornar o trabalho ou terão os dias descontados do salário.
Na última terça-feira (19), professores e outros servidores protestaram em Curitiba. Houve também atos em outras cidades do estado. Na capital, os manifestantes se concentraram em duas praças, a Santos Andrade e a Rui Barbosa, e caminharam até o Centro Cívico, onde fica a sede do governo estadual.
De acordo com o sindicato, entre 30 e 50 mil pessoas participam da manifestação. Já a Guarda Municipal, contabilizou 30 mil pessoas.
Greve
O estopim desta segunda greve foi um projeto de lei que alterou a gestão dos recursos da previdência estadual. O texto foi aprovado pelos deputados e sancionado pelo governador.
Durante a votação do projeto na Assembleia Legislativa (Alep), em 29 de abril, policiais militares e manifestantes entraram em confronto na praça Nossa Senhora de Salete, em frente à Casa. Mais de 200 pessoas ficaram feridas.