segunda-feira, 6 de abril de 2015

Festival de Teatro de Curitiba termina com cerca de 200 mil espectadores, pouco abaixo que 2014


Redação BandaB com assessoria

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Peça Depois do Ensaio foi uma das atrações do Festival – Foto: Divulgação

Terminou neste domingo (5) a 24ª. edição do Festival de Teatro de Curitiba, que neste ano reuniu mais de 200 mil pessoas em seus mais de 400 espetáculos nacionais e internacionais. Segundo Leandro Knopfholz, diretor geral do Festival, o público ficou um pouco abaixo do ano passado (cerca de 13% menor) e as salas tiveram uma média de ocupação de 75%. Confira os principais trechos da entrevista de Knopfholz sobre o balanço desta edição e os planos para 2016, quando o Festival de Teatro de Curitiba completará Jubileu de Prata.
Qual foi o grande destaque desse ano?
O fato do Festival continuar acontecendo todos os anos e chegar à sua 24ª. edição regular, sem interrupções, é o grande destaque. Aliás, esse é o grande destaque de todos os anos: a existência e a manutenção do Festival.
O público ficou abaixo do ano passado. Qual a sua avaliação?
Tivemos um público em torno de 75% a 80% da capacidade das salas. Ficou um pouco abaixo do ano passado, mas superou as 200 mil pessoas. Teremos os números fechados na próxima semana, pois ainda temos dois dias de programação. Mas o importante é que novamente movimentamos a cidade e tivemos salas e espaços ocupados em horários alternativos e sempre com gente na plateia.
A realização da Mostra Internacional de Teatro no mesmo mês do Festival de Curitiba atrapalha?
Não vejo concorrência entre os festivais, apesar de serem realizados no mesmo mês e ter um patrocinador em comum. O MIT olha pra fora do Brasil e a gente olha pra dentro do Brasil. Estamos na 24ª. edição e o MIT na segunda. O MIT teve 17 mil pessoas de público e nós tivemos mais de 200 mil. Isso é 12 vezes mais.
Mas não divide patrocínio?
Todos os patrocinadores deste ano estiveram presentes no Festival. Vamos fechar os números desse ano em abril e já iniciar a captação para o próximo ano. Até maio, queremos ter o orçamento de 2016 fechado. Dinheiro é tempo e quanto antes soubermos qual será nossa receita, melhor para já assumirmos compromissos. Queremos renovar todos os contratos desse ano e vamos trabalhar para isso. O que não for renovando, vamos para o mercado captar. Esse ano começou difícil para muitos setores da economia, mas a área de energia cresceu e fechamos três patrocinadores desse setor: a Tradener, UEG Araucária e Copel. Esses três já acenaram com possibilidade de renovação para 2016. Vamos buscar apoio nos setores que estão crescendo e querem investir em cultura.
Como você avalia as críticas à qualidade dos espetáculos da Mostra neste ano?
O Festival de Teatro de Curitiba tem uma comissão curadora e as escolhas dos espetáculos reflete a cena teatral brasileira. Analisando esse cenário, não identificamos qualquer espetáculo importante que tenha ficado de fora da programação. O público pode se identificar mais ou menos com este ou aquele ano. Isso é normal. Mas a gente cumpriu, mais uma vez, o papel de mostrar o retrato teatral brasileiro do momento.
A Mostra teve mais espetáculos do Rio e São Paulo e o Fringe teve mais espetáculos de Curitiba. Isso não denota um desequilíbrio?
Na Mostra, tivemos dois espetáculos de Curitiba, um de Minas e dois do Nordeste. Mas a questão geográfica é cada vez menos relevante. Pode ser que tenha ficado concentrado no Rio de São Paulo, mas se olharmos a formação das companhias, a gente tem essa diversidade regional forte. Sobre o Fringe, acabou havendo uma concentração de grupos de Curitiba por questões conjunturais. Foram 235 produções locais porque as de fora não receberam apoio financeiro para virem neste ano, por questões orçamentárias. Existe uma acomodação e confiança das companhias nos editais e nos apoios de terceiros. Nos últimos anos, apoiamos várias mostras especiais de outros Estados no Fringe. Neste ano, a gente não pôde bancar essas mostras, que acabaram não acontecendo. As companhias têm cada vez menos espírito empreendedor e não vêm por conta. O mesmo aconteceu com a Imprensa. Sempre trazemos cerca de 40 veículos de todas as partes do Brasil para acompanhar o Festival. Nesse ano, reduzimos para 15.
Os espetáculos da Mostra com os famosos da TV têm maior peso nas receitas do Festival que os espetáculos de desconhecidos do Fringe? Como vocês trabalham isso?
Esse caldeirão é o legal do Festival. É muito mais difícil colocar 30 pessoas pagantes para assistir um espetáculo do Fringe do que levar duas mil pessoas para assistir a um famoso da TV. Mas a função do Festival é justamente essa: trazer as duas situações para o mesmo patamar. A gente não reforça ninguém; até os preços são iguais. Pra nós não há diferenciação. O público é quem faz a sua escolha.
Quantas pessoas o Festival emprega?
A gente emprega 900 pessoas diretamente e indiretamente, 1500. São 2700 artistas no Fringe e 700 na Mostra. A Secretaria Municipal de Turismo de Curitiba tem um estudo que mostra que o Festival gera um impacto econômico de R$ 15 milhões para a cidade.
Independente de orçamento, como será a edição 25 do Festival em 2016?
Será o nosso Jubileu de Prata. Quero que seja uma edição bastante festiva. No ano que vem, queremos reunir os amigos que fizemos nesses 25 anos e que fizeram parte da história do Festival. Existem várias ideias sendo estudadas, como um livro com a história dos 25 anos, algumas remontagens dos espetáculos mais marcantes, o financiamento de espetáculos de maior destaque na programação do Fringe e o retorno da Ópera de Arame como uma das salas do Festival, entre outros projetos. Mas tudo vai depender do orçamento que tivermos. O fato é que nesses 24 anos, trouxemos mais de 30 mil pessoas diferentes para o Festival, entre artistas, diretores, técnicos e Imprensa. Esse legado de relacionamento com essas pessoas é que vamos lembrar e celebrar nos 25 anos.
Se o Festival de Curitiba acontecesse em São Paulo ou Rio de Janeiro, ele teria mais destaque para a Imprensa e patrocinadores?
Com certeza que sim. A reverberação seria muito maior. Mas até nisso reside nosso charme e elegância, de fazer algo diferente, representativo e relevante, fora do eixo.