Por conta disso, os passageiros estão podendo utilizar os ônibus sem pagar passagem e entrando pelas portas detrás dos carros
Redação Bem Paraná
Quem precisou pegar ônibus nesta manhã de quinta-feira, 26, teve uma grande surpresa. Após anunciar mais uma paralisação, ao contrário de outros movimentos, os carros estão todos na rua. A greve ficou restrita aos cobradores que atuam no transporte coletivo da cidade, ou seja os carros circulam normalmente, mas com a catraca livre. Por conta disso, os passageiros estão podendo utilizar os ônibus sem pagar passagem e entrando pelas portas detrás dos carros. Não há cobradores nos ônibus, nas estações-tubo e nos terminais.
Como algumas empresas tentaram segurar os carros nas garagens, a paralisação acabou afetando os horários dos ônibus. O atraso também foi decorrente da realização das assembleias na porta de cada empresa. Até as 6h24, a empresa Viação Sul, que atende a região de Almirante Tamandaré, não havia autorizado a circulação os carros. Ainda de acordo com as informações da Urbs, todos os ônibus devem circular nesta quinta-feira. De acordo com a reportagem da Band News Curitiba, além da paralisação dos cobradores alguns motoristas também aderiram à greve.
Apesar de o sindicato informar que a adesão é total, alguns cobradores não aderiram à paralisação. Há linhas que estão cobrando, como as de Araucária e São José dos Pinhais, segundo a informação de alguns usuários do transporte coletivo.
O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), que representa os trabalhadores, garantiu que a greve dos cobradores seria mantida e começaria a partir das 4 horas da madrugada. “Os ônibus rodam 100%, a greve é dos cobradores”, afirmou Anderson Teixeira, presidente do sindicato, em entrevista à OTV.
A lei municipal 12.597/2008 diz que as empresas podem impedir que a frota saia das garagens sem todos os profissionais a bordo. Ou seja, a a decisão sobre a circulação do transporte coletivo é das empresas que operam o sistema. Maurício Gulin, presidente daSindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), secretaria que representa os empregadores, afirmou que nesta quinta-feira a frota só seria liberada com motorista e cobrador. "A frota vai sair do jeito que tem que sair: com motorista e cobrador", disse ele.
Entenda
Em audiência nesta quarta-feira (25) no Tribunal Regional do Traballho, a desembargadora Ana Carolina Zaina, pediu para que os trabalhadores não entrem é greve, mas disse que não pode impedir que os trabalhadores exerçam o seu direito, já que as empresas de ônibusnão apresentaram proposta concreta às reinvindicações da categoria. "Não me sinto legitimada a pedir que não entrem em greve sem nada para oferecer aos servidores", disse Ana Carolina Zaina.
"Sabemos do grande desgaste que uma greve provoca, mas a única forma de fazer com que a greve recue é iniciar uma negociação", completou. A ideia do Sindmoc é sair com ônibus sem cobradores nesta quinta, ou seja, realizar uma paralisação com a catraca livre, mas Maurício Gulin, presidente da Setransp, que representa as empresas de ônibus, a frota só será liberada com motorista e cobrador. "A frota vai sair do jeito que tem que sair: com motorista e cobrador", afirmou. Em vídeo da assembleia dos motoristas realizada na manhã de hoje, o presidente do Sindmoc, Anderson Teixeira, sugeriu que os empresários planejavam um locaute.
A desembargadora apresentou às partes as seguintes propostas: as multas aplicadas e descontadas do salário em decorrência de raspagem de pneus não devem ser praticadas até se esgotarem as negociações; as empresas passarão a comunicar o Sindimoc e possibilitarão a defesa do funcionário em relação as punições; e deverá ser constituída comissão formada por representantes de ambos os sindicatos a fim de que sejam deliberadas formas de coibir o assédio moral. Além disso, a desembargadora propôs que a Setransp promova o acesso à cultura aos trabalhadores.
No fim da audiência no TRT, ficou definido que a Urbs deve apresentar um cronograma detrabalho ao Juízo em dez dias. O plano deve contemplar três fatores principais: instalação de banheiros químicos para os cobradores das estações-tubo; aplicação de mantas térmicas nas estações; e apresentação do projeto de melhorias nas estações, que está sendo desenvolvido pelo IPPUC. O cronograma apresentado deve constar o prazo para cumprimento de cada um dos itens.
Uma nova audiência está marcada para essa sexta-feira (27), às 13h30, no TRT. Neste encontro, as categorias de trabalhadores e empregadores deverão trazer as decisões sobre as propostas feitas pelo Juízo.
Entre as reivindicações, os cobradores do transporte público de Curitiba pedem o fim da dupla função de motoristas em micro-ônibus da cidade, reajuste no vale alimentação e fim do assédio moral. Na última greve realizada pela categoria, a reivindicação em relação ao vale alimentação era de um reajuste para R$ 100, mas foi concedido apenas R$ 31,50.
Ontem, o sindicato que representa os trabalhadores e o sindicato patronal passaram a tarde em audiência de dissídio no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PR). A audiência trouxe à tona diversos pontos da pauta de reivindicações dos trabalhadores, como a devolução dos valores descontados pelos dias de paralisação na última greve, o fim do assédio moral caracterizado pelas ameaças de punições, o uso de bermudas em dias quentes, a interrupção do desconto dos salários em razão da raspagem de pneus em calçadas.
Também foi colocado na mesa de negociação a concessão de vale-cultura e passes livres, a consulta aos trabalhadores nas alterações das escalas de trabalho, a concessão de um kit inverno (peças de vestuário para suportar as baixas temperaturas) e a adoção de medidas para minimizar as más condições de trabalho nas estações-tubo, entre outras solicitações.
Outro ponto de discussão foi a possibilidade de criação de uma comissão de trabalhadores, com indicação de representantes sindicais, para acompanhar os processos de aplicação de punição disciplinar pelas empresas de transporte.
Outro ponto de discussão foi a possibilidade de criação de uma comissão de trabalhadores, com indicação de representantes sindicais, para acompanhar os processos de aplicação de punição disciplinar pelas empresas de transporte.