sábado, 5 de abril de 2014

Forças Armadas iniciam ocupação do Complexo da Maré


Complexo passará a ter 400 militares do Exército e da Marinha policiando suas vias 24 horas por dia

|  Folhapress

Após permanecerem por uma hora e 15 minutos nos acessos ao complexo da Maré, os 2.500 militares entraram por volta das 6h50 no conjunto de favelas da Maré.  Com um efetivo de 2.500 militares, a Força de Pacificação realiza na manhã de hoje a ocupação do complexo de favelas da Maré, na zona norte do Rio. Todos os carros e motos que saem do complexo de favelas são parados pelos militares. 
Militares encontraram em uma viela no parque União, uma das favelas da Maré, dois carros com pneus furados a bala.  De acordo com os soldados, os veículos foram colocados no local para dificultar o acesso à comunidade. Os dois veículos são roubados.
Os 2.050 paraquedistas e 450 fuzileiros navais deixaram a Vila Militar, na zona oeste do Rio, por volta das 2h30, e às 5h30 ocupavam todos os acessos das quinze favelas que compõem o complexo. Dois caminhões, com 22 militares cada, aguardam a ordem do comando da operação para entrar no complexo pela Vila dos Pinheiros, onde às 8h está previsto o hasteamento da bandeira nacional.

Para a operação, batizada de São Francisco, a Marinha dispõe de 12 veículos blindados e um helicóptero MH-16 Seahawk. Uma das quatro pistas da avenida Brasil, que passa junto ao complexo, que estava bloqueada para o tráfego desde as 5h30, foi liberada por volta das 7h.
A movimentação dos militares, no entanto, não atrapalha o cotidiano dos moradores, que saem para trabalhar normalmente, passando ao lado dos veículos militares. Segundo os moradores, a noite na Maré foi tranquila.
A primeira fase da ocupação está prevista para se encerrar no dia 31 de julho. Na ocasião, o governo federal e o governo do Rio farão uma avaliação da necessidade de estender a operação até as eleições.
O Complexo da Maré passará a ter 400 militares do Exército e da Marinha policiando suas vias 24 horas por dia.
A cada dia, 1.600 homens se revezarão em turnos de 6 horas, um aumento significativo se comparado com os 300 policiais militares que se revezaram durante a semana nas 15 favelas do complexo.  Como a escala de trabalho dos policiais militares prevê turnos de 24 horas de trabalho e 72 horas de folga, na prática, a cada dia, havia na favela 75 PMs.
Desde ontem, militares do Exército já fazem um levantamento na favela. Neste primeiro momento da ocupação, as buscas vão se concentrar em casas que eram utilizadas por traficantes de drogas. Os militares já sabem quais locais eram usados, até a semana passada, pelo traficante Marcelo dos Santos, o Menor P, preso há uma semana pela Polícia Federal.
De acordo com o levantamento, o criminoso teria uma casa como sua academia de ginástica e dormia em outros barracos na favela Vila dos Pinheiros, uma das 15 comunidades que formam a Maré. Não é de hoje que os militares investigavam a comunidade. Menor P foi paraquedista expulso do Exército e aplicava treinamento militar aos homens de sua facção.
Um guarda municipal, informante do Exército, foi assassinado pelo grupo de Menor P, no ano passado.
Ainda de acordo com informações, o armeiro da quadrilha seria um ex-fuzileiro naval. Ou seja, tiveram treinamento nas duas forças de elite que ocupam agora a favela.  Os 450 fuzileiros que ocuparão a Maré foram chamados a participar da missão por conhecerem o complexo, que ocuparam nas eleições de 2010.
"Estamos usando toda a experiência adquirida nas ocupações anteriores. Acho que tudo será tranquilo, já que a Polícia Militar está há uma semana lá", afirmou o general José Carlos de Nardi, chefe do Estado Maior das Forças Armadas.