sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Palco de debates, Constituinte também teve pontapé e sequestro de avião, conta Paim



Iolando Lourenço e Ivan Richard
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O processo de elaboração da Constituição Cidadã, em 1987 e 1988, foi muito além dos debates e das disputas políticas sobre os mais variados temas de interesse do país. Segundo o senador Paulo Paim (PT-RS), constituinte e um dos principais nomes na luta pelas causas trabalhistas à época, para obter maioria em temas considerados “progressistas”, como a ampliação dos direitos dos povos indígenas e a reforma agrária, foram usadas inclusive estratégias “de terror”, como o sequestro de pequenos aviões que trariam a Brasília parlamentares ligados ao setor rural.
“Tivemos embates muito duros, como o da reforma agrária. Todos sabem que aquela noite [de votação do Capítulo 3º da Constituição, que trata da política agrícola e fundiária e da reforma agrária] foi quase uma noite de terror, em que aviõezinhos eram sequestrados para não deixar que parlamentares que tinham posição diferente em relação à questão da terra pudessem chegar aqui”, relembrou Paim à Agência Brasil.
Para o petista, a Constituinte foi um momento “ímpar” na história do Parlamento, quando foram construídas muitas conquistas para os trabalhadores. “Eles se mobilizaram e pressionaram os constituintes para a aprovação de novos direitos trabalhistas. Todas as mobilizações da época ajudaram a fazer com que a gente tivesse férias mais um terço, redução da jornada de 48 horas para 44 horas, garantia do turno ininterrupto de seis horas, uma nova redação para o salário mínimo e o direito de greve”, enumerou.
Vinte e cinco anos depois, no mesmo plenário em que foi aprovada a Constituição Cidadã, agora com os cabelos grisalhos e em meio a uma sessão do Congresso para a análise de vetos presidenciais, Paim recordou as batalhas ocorridas entre os 559 constituintes, na maioria das vezes em sessões que se estendiam madrugadas adentro.