sábado, 21 de agosto de 2010

Obras da Cohab mudam cenário na Vila Pantana



Vila Pantanal recebe melhorias e se transforma

A Vila Pantanal, área irregular surgida na década de 80 no Boqueirão, onde vivem hoje 768 famílias, está passando por uma grande transformação. Ao lado das precárias moradias

já se podem ver as casas de alvenaria construídas pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab). As unidades fazem parte do projeto de urbanização que a Prefeitura está executando no local.
"É a visão dos contrastes. De um lado a ocupação desordenada feita em local impróprio, do outro as casas novas, construídas de maneira planejada e que vão mudar a realidade das famílias", afirma o prefeito Luciano Ducci.
Com as obras, estão sendo eliminados os pontos de alagamentos da área e construídas casas em outros locais na própria vila para reassentar moradores em situação de risco. Serão ao todo 334 casas novas - 165 em uma primeira etapa, das quais 60 já estão prontas. Para receber as primeiras famílias resta somente a implantação da rede elétrica e de esgoto.
Após esta primeira realocação, os barracos insalubres onde viviam os moradores serão demolidos e haverá a construção de mais unidades. "As famílias sempre viveram uma realidade muito dura e agora estão prestes a mudar definitivamente de vida, com creche, escola, unidade de saúde e moradia digna", diz o presidente da Cohab, João Elias de Oliveira. Além das 334 famílias que receberão casas novas, outras 434 permanecerão onde estão. Neste caso, quem está em situação mais precária receberá melhoria habitacional. Toda comunidade será atendida com melhoria na infraestrutura, implantação de redes de água, coleta e tratamento de esgoto, drenagem, energia elétrica e iluminação pública.
Investimento - As obras desta primeira etapa têm um custo de R$ 5,8 milhões, com recursos da Prefeitura e de empréstimo contratado junto ao governo federal, do programa Pró-Moradia. Esta linha de financiamento usa dinheiro do FGTS e prevê que o retorno do recurso fica sob responsabilidade da Prefeitura.
A intervenção na Vila Pantanal inclui ainda a complementação da urbanização e o reassentamento de famílias com recursos de um organismo financeiro internacional, o Fonplata (sigla em espanhol para um fundo que atua nos países da bacia do rio da Prata, na América do Sul). São mais R$ 5,1 milhões que serão aplicados na construção de 169 casas e no atendimento social das famílias.
Recomeço - O casal Leni Correa (37) e Solin Sansão da Silva (50) mora na Vila Pantanal há 12 anos. A casa precária, na beira do rio Iguaçu, oferece péssimas condições de saúde e higiene. Eles têm quatro filhos, para quem sonham proporcionar um futuro melhor.
"Chega de viver nesta bagunça. Morar em beira de rio é muito triste, pois tem o problema das enchentes, dos ratos, da sujeira. Quero para meus filhos outra realidade. Por isso, estamos ansiosos em mudar para a casa da Cohab", diz Leni.
Ambos são coletores de material reciclável, porém desejam mudar de atividade. "Após a relocação vamos parar de catar papel. Sonhamos em montar um negócio e trabalhar com vendas. Não vamos levar para a casa nova nada do que está aqui. Queremos recomeçar do zero", afirma ela.
Sansão destaca outros aspectos da intervenção na vila. "Vai melhorar demais. Com a abertura de ruas e a urbanização vai diminuir a criminalidade, pois o acesso será mais fácil para a polícia", ressalta.
A também coletora de material reciclável Santina Aparecida Pereira (52) mora na ocupação há oito anos, com o marido e três filhos. Ela vivia em uma área sujeita a alagamentos com tanta precariedade que precisou ser removida emergencialmente mesmo antes do término das obras. Recebeu da Cohab uma casa provisória de madeira, onde vai permanecer com a família até a conclusão de sua nova casa de alvenaria.
"Eu vivia em um banhado que, quando chovia, era melhor entrar em casa descalça, pois era puro barro. Tinha muito rato e agradeço a Deus porque nunca pegamos leptospirose. Sair de lá foi uma benção", diz ela. "A Cohab está fazendo um ótimo trabalho por nós. Vamos melhorar de vida quando recebermos as casas novas", completa Santina.
Viviane Corimbaba (31) mora há 5 anos no Pantanal, com o marido e quatro filhos. "Aqui é péssimo, não temos esgoto por isso não podemos fazer um banheiro decente. Tem muito rato, mau cheiro, barro. É uma situação complicada, mas felizmente logo vai acabar", diz, esperançosa.
Ela trabalha com reciclagem e o marido na construção civil. Pela falta de endereço o casal já enfrentou alguns problemas. "Se tentamos fazer um cadastro em loja para fazer uma compra, somos rejeitados na hora, porque não temos comprovante de residência. Carta aqui não chega. É como se a gente não existisse", afirma.
Em setembro, a família de Viviane mudará para a casa nova, confortável e segura, construída pela Cohab. Ela está contando os dias. "Não vejo a hora de mudar, para viver em melhores condições, em local regularizado, onde vamos poder deixar tudo arrumado e bonito. Vai ser o começo de uma vida nova", diz.
Histórico - A Vila Pantanal surgiu em meados da década de 80, em terrenos da Rede Ferroviária Federal e de particulares, na abrangência da APA (área de preservação ambiental) do rio Iguaçu. Parte das casas foi construída em pontos de alagamento e, em função das restrições para uso habitacional, a Vila não recebeu infraestrutura.
A área é vizinha ao pátio de manobras da ALL (concessionária da malha ferroviária do sul do país) e a linha férrea funciona como uma barreira física, dificultando a ligação com o restante do bairro. Até 2005, a ocupação não tinha equipamentos comunitários. Para executar o projeto de urbanização, a Prefeitura antecipou a contrapartida e implantou no local escola de 1° grau, creche e unidade de saúde.