quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ministro dos Transportes autoriza projeto do Plano Diretor Multimodal de Curitiba



O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, informou ao prefeito Beto Richa, ontem, em Brasília, que autorizou o projeto do Plano Diretor Multimodal de Curitiba. Estou convencido que é um Plano Diretor que vai melhorar trânsito e transporte, aumentando a capacidade de tráfego e a segurança no trânsito da região?, disse o ministro.


Elaborado pela Prefeitura de Curitiba em parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o Plano Diretor Multimodal de Curitiba consiste na desativação do ramal ferroviário ao longo de Curitiba, Almirante Tamandaré e Pinhais, numa extensão de 41,2km. "A desativação deverá eliminar os conflitos viários, melhorar a mobilidade em Curitiba e na Região Metropolitana, reduzir os acidentes e a poluição sonora e promover uma melhoria ambiental e social nos municípios atingidos", disse Richa. "Este Plano é uma reivindicação antiga de Curitiba e da região metropolitana. O início deste projeto é histórico para região".

O ministro Alfredo Nascimento também aprovou a transferência definitiva para o Município de Curitiba do trecho da Linha Verde, na antiga BR116. O trecho da rodovia é atualmente delegado ao Município. O ministro também concordou em transferir para a cidade áreas de ramais ferroviários desativados, que poderão ser usado pelo Município para projetos como parques ou ciclovias.

A implantação do Plano Diretor Multimodal também vai permitir a revitalização das cidades nos trechos desativados, com a possibilidade de desenvolvimento econômico no entorno das áreas de influência da linha do trem, gerando mais trabalho e renda para a população. Ele também vai melhorar a mobilidade e acessibilidade da população, principalmente dos moradores da região leste.

Mais do que garantir o desvio ferroviário, o Plano permite a conexão rodoviária, ferroviária, cicloviária, portuária e aérea, extrapolando os limites de Curitiba, se estendendo à Região Metropolitana, disse o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, Clever Almeida, que participou da reunião em Brasília, que também teve a presença do assessor de Projetos Especiais de Curitiba, Mauricio Ferrante, e do secretário executivo do Ministério, Paulo Sérgio Passos.

Novos ramais ferroviários vão retirar o trem de dentro de Curitiba

Com o Plano Diretor Multimodal, a linha férrea será remanejada, acabando com os conflitos que colocam em risco a circulação do transporte público, pedestres, ciclistas e automóveis em Curitiba, Pinhais e Almirante Tamandaré. O trem passaria por dois traçados. O primeiro, contornando o perímetro urbano de Almirante Tamandaré, município localizado ao norte de Curitiba, onde não há bacia de manancial de abastecimento de água. Seguiria paralelamente ao traçado dos Contornos Norte e Sul, alcançando o antigo ramal que liga Curitiba a Araucária, a sudoeste.

O traçado proposto percorre a Cidade Industrial de Curitiba, possibilitando a implantação de terminais Intermodais na Zona Industrial de Curitiba e Araucária, com o transporte ferroviário. Na CIC estão concentradas 486 empresas industriais e o Plano Multimodal dá opções de escoamento de produtos e rejeitos industriais pela ferrovia.

O ramal oeste tem, entre as suas vantagens, a existência de menos conflitos e rejeição urbana pela utilização do contorno rodoviário. Isto porque não há ocupação densa de moradias, comércio e serviços ao longo do contorno. Além disso, os raios e declividades do traçado que acompanha o contorno rodoviário são mais compatíveis com a velocidade e capacidade de carga do sistema ferroviário, há áreas que podem funcionar como pátios de transbordo, ao sul de Curitiba, permitindo a criação de um porto seco.

Além de dejetos industriais, a ferrovia poderia ser utilizada para o transporte de cargas recicláveis e resíduos da construção civil, além de cargas de lixo hospitalar, já que é enviado para indústrias de cimento para queima e transformação. Um dos principais diferenciais do projeto tem ainda o caráter social, já que o Plano propõe relocar os moradores de Araucária que hoje vivem em área de risco entre a ferrovia, a rodovia e a Refinaria da Petrobrás (Repar). Nesta área poderia ser implantada a oficina da ferrovia, o terminal multimodal e o apoio operacional.

Segundo ramal - O segundo traçado, a leste, poderia ser implantado paralelamente ao Canal Extravasor (implantado ao longo do Rio Iguaçu), conectando Piraquara a São José dos Pinhais, permitindo a ligação turística do Litoral até o Aeroporto Internacional. A idéia é utilizar a curva existente do ramal projetado (e nunca implantado) em direção a São José dos Pinhais.

O Canal Extravasor foi implantado em 1995 para conter cheias e enchentes e para criar uma barreira física para delimitar os espaços e o armazenamento de águas. Hoje o Canal é uma barreira física e ambiental para a expansão das ocupações urbanas em direção ao Rio Iguaçu. A obra do ramal (paralela ao Canal Extravasor e que passa sob o viaduto da BR-277 em direção a Paranaguá) definiria o dique necessário para complementar a função de delimitação e contenção de cheias do canal implantado.

O desvio se conectará ao ramal existente após a zona urbana de Pinhais, em direção a Piraquara, onde a antiga estação existente funcionaria como pólo de atração turística na região. O Aeroporto Afonso Pena será o elo que permitirá a criação de um Terminal Multimodal (Turístico e de Cargas) na Região Metropolitana de Curitiba, podendo integrar-se aos Portos de Antonina e Paranaguá. Esta ligação permitirá integrar os navios de carga ou mesmo turísticos ao aeroporto em São José dos Pinhais através da utilização da conexão ferroviária. No caso dos turistas, haveria a possibilidade de estender os deslocamentos até Foz do Iguaçu, promovendo o turismo e a economia na região oeste do Paraná.

O Plano também permite a integração por ciclovia dos municípios de Almirante Tamandaré, Curitiba, Pinhais, Piraquara, Colombo e São José dos Pinhais, criando uma Rede Metropolitana de Ciclovias conectada à Linha Verde. Ele também possibilita a conexão de importantes equipamentos como a Rodoviária de Curitiba, o Jardim Botânico, o Autódromo (Pinhais), o Complexo Esportivo Peladeiros, o Parque Iguaçu e o Zoológico, além do Aeroporto Afonso Pena.