quarta-feira, 10 de junho de 2015

Gaeco cumpre nova fase de operação contra corrupção na Receita Estadual


Operação investiga esquema de cobrança de propina na Receita do Paraná.
Mais de 50 mandados são cumpridos nesta quarta (10) em várias cidades.

Adriana Justi e Rodrigo SavianiDo G1 PR

Sede do Ministério Público do Paraná em Londrina (Foto: Lucas Pullin/RPC)Presos durante a operação estão sendo levados para a sede do Ministério Público do Paraná em Londrina (Foto: Lucas Pullin/RPC)
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpre nesta quarta-feira (10), em várias cidades do Paraná, uma nova fase da Operação Publicano, que investiga um suposto caso de corrupção em agências da Receita Estadual.
Ao todo, são cumpridos 59 pedidos de mandados de prisão, sendo 50 contra auditores fiscais, sete contadores, um empresário e um advogado. Também são cumpridos 62 mandados de busca e apreensão.
Os mandados são cumpridos em dez cidades do Paraná. Até as 9h45, 25 pessoas já tinham sido presas e encaminhadas para a sede do Gaeco em Londrina, no norte do estado.
Entre os presos está Márcio de Albuquerque Lima, ex-inspetor geral de fiscalização da Receita Estadual, que é apontado pelo Ministério Público (MP-PR) como líder da quadrilha. Ele já tinha sido preso no dia 29 de abril após passar 40 dias foragido. Lima foi solto no dia 14 de maio, após obter um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Mulher de auditor fiscal fugiu e bateu em carro usado pelo Gaeco (Foto: Alberto D'Angele/RPC)Mulher de auditor fiscal fugiu e bateu em carro
usado pelo Gaeco (Foto: Alberto D'Angele/RPC)
Durante o cumprimento dos mandados, a esposa de um auditor fiscal bateu em um carro usado pelo Gaeco. Ela fugiu em seguida. Ninguém ficou ferido.
O Gaeco informou ainda que outro mandado de prisão é contra Luiz Abi Antoun, que é parente do governador Beto Richa (PSDB).
Ele também já tinha sido preso por suspeita de envolvimento em um esquema de fraude em licitações de oficinas para o conserto de carros do Estado do Paraná erespondia em liberdade. Até as 9h45 ele não tinha sido localizado pela polícia.
O advogado que o representa, Luiz Carlos, disse não ter conhecimento do mandado de prisão e não informou onde sobre onde estaria seu cliente.
Por meio da assessoria de imprensa, o governador Beto Richa informou que vai se pronunciar sobre o assunto durante a manhã.
Operação Publicano
Deflagrada em 20 de março pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a Operação Publicano descobriu um esquema de sonegação de impostos e de cobrança de propina dentro da Receita Estadual de Londrina, no norte do Paraná.
As investigações começaram em junho de 2014 e revelaram, segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), que um grupo de auditores fiscais cobrava propina de empresários para não aplicarem multas. Para dar legitimidade ao esquema, os mesmos auditores e outros empresários abriam empresas em nomes de "laranjas" para emitir notas fiscais.
Ainda conforme o MP-PR, pelo menos 13 empresas participaram do esquema criminoso ou foram abordadas pelos agentes públicos responsáveis pelas solicitações de propina.
A Justiça aceitou as denúncias feitas pelo Ministério Público contra 62 pessoas acusadas no caso, sendo 15 auditores fiscais da Receita Estadual, 15 empresários, 14 pessoas consideradas pelo MP como “laranjas” no esquema, 11 contadores, três auxiliares administrativos, dois funcionários públicos, um policial civil e um administrador de empresas.
O MP-PR denunciou o grupo por corrupção passiva, formação de organização criminosa, falso testemunho, falsidade ideológica e outros fatos criminosos.