sexta-feira, 5 de junho de 2015

Ex-ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves morre no Rio


General chefiou Ministério do Exército no governo do ex-presidente Sarney.
À GloboNews, ele negou tortura em instalação militar na ditadura.

Do G1, em Brasília

O Centro de Comunicação Social do Exército informou que o ex-ministro Leônidas Pires Gonçalves morreu nesta quinta-feira (4) no Rio de Janeiro. O general comandou o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi) do Exército no Rio entre março de 1974 e janeiro de 1977.

Chefe do Ministério do Exército durante o governo do ex-presidente José Sarney (entre 1985 e 1990), o militar nasceu em 1921 no município de Cruz Alta (RS). Segundo a corporação, ele estava com noventa e quatro anos e deixou esposa, dois filhos, quatro netos e sete bisnetos.

O Exército informou que as homenagens póstumas serão realizadas no próximo sábado (6) no Palácio Duque de Caxias, das 8h30 às 11h30. O corpo do militar será cremado.

Em entrevista à GloboNews em 2010, Gonçalves negou que no Doi-Codi tivessem ocorrido casos de tortura a presos políticos, mas confirmou que o Exército deu dinheiro a presos em troca de informações.

"Nunca houve tortura a preso político na minha área. Desafio alguém que tenha sido torturado durante este período", disse ele na entrevista.

"A ideia [de pagar dinheiro] foi minha. Fui adido militar na Colômbia e aprendi que, lá, eles compravam todos os subversivos com dinheiro", acrescentou.

Em nota divulgada nesta quinta, o ex-presidente José Sarney o classificou como "o último dos grandes chefes militares que tomaram parte nos acontecimentos centrais da história do Brasil na última metade do século passado".

Sarney disse também que a participação do general foi decisiva na transição democrática do país e "a ele devemos grande parte da extinção do militarismo".

"Ele [Gonçalves] deu suporte a que transição fosse feita com as Forças Armadas e não contra as Forças Armadas. Pacificou o Exército e assegurou e garantiu o poder civil. Reconduziu os militares aos seus deveres profissionais, defendendo a implantação do regime democrático que floresceu depois de 1985", destacou o ex-presidente da República.