quinta-feira, 21 de maio de 2015

Motta diz que não vai pedir exumação de Janene antes de ouvir viúva


Presidente da CPI afirmou que analisará documentos que a família enviará.
Segundo ele, a filha do ex-deputado e o advogado da viúva o procuraram.

Laís AlegrettiDo G1, em Brasília
O presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), anunciou na reunião desta quinta-feira (21) que recuou da decisão de apresentar um requerimento pedindo a exumação do corpo do ex-deputado do PP José Janene. Ele disse que, antes, analisará documentos que a família se comprometeu a enviar à CPI.
Na quarta-feira, Motta disse que faria o pedido de exumação, depois de ter recebido informações de que Janene estaria vivo, na América Central. Segundo as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), Janene teria sido um dos operadores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.

Motta afirmou que foi procurado pela filha de Janene, Daniele Janene, e que ela se comprometeu a enviar documentos que provam a morte do ex-deputado. “Eu avisei a ela que já havíamos decidido por fazer requerimento. Ela me pediu que aguardasse, que a gente pudesse primeiro analisa a documentação, para que pedido fosse feito”, disse.
O presidente da CPI disse que, na manhã desta quinta, recebeu o advogado da viúva de Janene, Stael Fernanda Janene. “Ele trouxe apelo da família. Eu solicitei que documentos fossem encaminhados à CPI”, disse.
Motta defendeu que o requerimento de convocação de Stael à CPI na próxima reunião deliberativa, ainda sem data marcada. “Em atenção à família, não irei apresentar o requerimento (com pedido de exumação). Vamos aguardar a documentação chegar”, disse.
O parlamentar defendeu sua atitude no dia anterior, quando disse que pediria a exumação. “O que cabia a este presidente era agir da forma que agimos, trazendo discussão para plenário da CPI. Nós iremos analisar essa documentação”, afirmou. “A CPI segue seu foco. Não vamos recuar de posicionamento de avançarmos sempre, doa a quem doer.”
Um dos réus do processo do mensalão do PT, José Mohamed Janene morreu aos 55 anos, vítima de um infarto, antes de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo seu suposto envolvimento no esquema de pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio político no Congresso Nacional, durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Acusações
O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou à Justiça Federal que ele foi indicado para o cargo de alto escalão da estatal pelo PP. Segundo Costa, um dos delatores da Lava Jato, Janene teve influência na sua escolha para a diretoria.
Paulo Roberto Costa explicou ao juiz federal que, até 2008, era Janene quem operava a fatia da propina que cabia ao PP. Segundo ele, a legenda ficava com um terço do valor dos contratos fechados pela diretoria de Refino e Abastecimento, que ele comandava. Os outros dois terços, relatou o ex-dirigente, eram repassados ao PT. Após a morte de Janene, Youssef passou a operar a propina do PP, informou Costa.