segunda-feira, 20 de abril de 2015

Expectativa de inflação do mercado para 2015 volta a subir e atinge 8,23%


Economistas dos bancos também baixaram previsão de queda do PIB.
Estimativas dos analistas do mercado foram divulgadas pelo Banco Central.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

Os economistas do mercado financeiro voltaram a elevar, na semana passada, sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), segundo o relatório de mercado, também conhecido como Focus. O documento é fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras. Na semana anterior, a previsão tinha recuado.
Segundo informou o Banco Central nesta segunda-feira (20), a expectativa dos economistas dos bancos para a inflação oficial do país neste ano somou 8,23% na última semana, contra 8,13% na semana anterior. Para 2016, a previsão dos economistas para o IPCA ficou estável em 5,6%.
Se confirmada, a previsão do mercado para a inflação de 2015 (de 8,23%) atingirá o maior patamar desde 2003, quando ficou em 9,3%. A expectativa oficial do governo para a inflação deste ano, divulgada na semana passada, por meio do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias, está em 8,2%. A equipe econômica informou que está utilizando as previsões do mercado financeiro em seus documentos.
Inflação pressionada
Segundo economistas, a alta do dólar e dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressionam os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.
Em março, a inflação oficial ficou em 1,32%, depois de avançar 1,22% em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a maior desde fevereiro de 2003, quando atingiu 1,57%, e a mais elevada desde 1995, considerando apenas o mês de março.
Sistema de metas
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
A última vez em que a inflação ficou acima do teto do sistema de metas de inflação foi em 2003, ou seja, há mais de dez anos, e o documento foi assinado pelo então presidente da autoridade monetária, Henrique Meirelles.
Quando a inflação fica mais alta do que o teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro, o presidente do Banco Central precisa escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando as razões que motivaram o "estouro" da meta formal.
Produto Interno Bruto
Para o crescimento do PIB neste ano, os economistas do mercado financeiro baixaram sua previsão, na semana passada, para uma retração de 1,03%, contra a estimativa anterior de uma queda de 1,01% em 2015. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira. Para 2016, o mercado manteve sua previsão de alta do PIB em 1%.
No fim de março, o IBGE informou que a economia brasileira cresceu 0,1% em 2014. Em valores correntes (em reais), a soma das riquezas produzidas no ano passado chegou a R$ 5,52 trilhões, e o PIB per capita (por pessoa) caiu a R$ 27.229. Esse é o pior resultado desde 2009, ano da crise internacional, quando a economia recuou 0,2%.
Taxa de juros
Após o Banco Central ter subido os juros para 12,75% ao ano no início de março, o maior patamar em seis anos, o mercado manteve sua expectativa para a taxa Selic, na semana passada, em 13,25% ao ano para o fim de 2015. Para o fechamento de 2016, a estimativa dos analistas permaneceu em 11,50% ao ano.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 recuou de R$ 3,25 para R$ 3,21 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio ficou estável em R$ 3,30 por dólar.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 permaneceu em US$ 4,3 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de superávit comercial recuou de US$ 10 bilhões para US$ 9,95 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil ficou estável em US$ 56 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte caiu de US$ 59 bilhões para US$ 58,5 bilhões.