segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Polícia recebe dez denúncias diárias de clonagem de cartão em Curitiba


Estimativa é que 30% dos usuários já tenham sido vítimas deste tipo de golpe no País; bancos devem ressarcir cliente

 Rodolfo Luis Kowalski especial para o Bem Paraná

Item quase que obrigatório na carteira dos brasileiros, os cartões de crédito e débito podem ser um perigo também. Em Curitiba, só a Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (DEDC) registra 10 casos diários referentes a clonagem dos cartões. Somente no ano de 2013, segundo dados da Serasa Experian, fraudes com o “dinheiro plástico” deixaram um prejuízo de R$ 2,3 bilhões, sendo que R$ 1,2 bilhão esvaiu-se em tentativas de fraude offline (mais conhecidas como roubo de identidade), aproximadamente R$ 500 milhões no e-commerce e mais R$ 600 milhões em operações bancárias. 
“Em geral, as pessoas só descobrem que foram vítimas de uma fraude com cartão de crédito quando recebem a fatura. No caso do cartão de débito, a descoberta acontece quando a vítima vai ao banco conferir o extrato ou usa a internet para isso”, afirma o delegado Marcelo Lemos de Oliveira, da DEDC.
De acordo com pesquisa realizada pela ACI Worldwide, três em cada 10 consumidores brasileiros foram vítimas de fraudes com cartões de crédito, débito e pré-pagos nos últimos cinco anos, o que torna o Brasil o sétimo no ranking mundial desse tipo de golpe. Segundo a polícia, os estelionatários geralmente começam com pequenos saques, de forma que a vítima dificilmente nota que falta dinheiro na conta bancária. Depois, quando já têm a certeza de quanto há disponível, os criminosos aplicam o golpe maior. E muitas vezes demora um tempo até que o crime seja descoberto.
Esse foi o caso de Rita de Cássia Freitas, 52 anos, que por três vezes já foi vítima de fraudes desse tipo. Em um dos casos, os criminosos usaram o cartão de crédito e débito dela, fizeram empréstimos e pagaram contas de São Paulo, como o IPVA. O prejuízo, na época, foi de mais de R$ 50 mil. “Só fiquei sabendo que tinha sido vítima de um golpe quando veio a fatura mensal do cartão. Eu fiquei desesperada”, conta a médica.
O consumidor que é vítima de fraude tem o direito de pedir a suspensão de compras feitas indevidamente. Caso ele só perceba que foi vítima de fraude após pagar a fatura ou se a administradora insistir na cobrança indevida sem seu consetimento, os valores pagos devem ser devolvidos em dobro. Segundo Marcelo Lemos, normalmente os clientes são ressarcidos.
Rita de Cássia, porém, enfrentou problemas para recuperar os valores que os golpistas levaram.“Logo após descobrir o golpe eu fui ao banco, prestei queixa na polícia, mas não foi fácil conseguir o ressarcimento. Eu precisei recorrer ao Banco Central”, afirma. “Eles orientam você a não usar caixas eletrônicos fora do banco, de preferência em uma agência bancária mesmo. Contudo, em duas das três vezes fui clonada dentro da agência bancária”, reclama.
Uma cliente da Caixa, lesada em R$ 1.500,00 na semana passada já teve menos trabalho. Alertada por uma mensagem de texto do próprio banco sobre uma transferência de valores, no dia seguinte foi até a agência, que verificou que a conta que recebeu o dinheiro da transação fez o saque quase que imediatamente ao depósito, caracterizando a clonagem. Ela, que prefere não se identificar, teve o valor restituído poucos dias depois.