quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Cães vira-latas estão na moda


Comportamento do curitibano está mudando, e até nas áreas mais nobres já se aceita adotar um cão sem pedigree

Redação Bem Paraná

Elaine Ramos, da Animalia: preparação para a última campanha de doação do ano (foto: Franklin de Freitas)
A questão da adoção de cães e gatos em Curitiba que une diversas ONGs protetoras está, aos poucos, mudando o comportamento do morador da Capital. Além de aderir ao movimento de adoção, estão tirando das ruas mesmo os animais sem pedigree, os chamdos vira-latas, sem falar que com tanta gente empenhada, o número de adoções já chegou a um nível considerado de bom para ótimo.
Segundo Ana Paula Slesaczek, criadora do projeto “Animal Sem Teto”, que existe desde 2007, o que aconteceu nos últimos anos foi uma mudança no pensamento da sociedade, o que resultou também numa alteração dos padrões. Hoje, o bonito não é apenas ter um animal de raça que custou caro. O bonito também é adotar, ajudando a salvar uma vida.
“As pessoas estão tomando consciência de adotar um animal em vez de comprar. Antigamente, em bairros melhores, mais nobres, era difícil doar um cachorro vira-lata, por exemplo. Somente as pessoas mais pobres aceitavam esses animais. Hoje, você já vê na rua, mesmo em bairros mais ricos, as pessoas andando com um vira-lata. Isso é ótimo”, comemora Ana Paula.
Com as pessoas mais conscientes, o número de adoções também aumentou. Desde sua criação, o Animal Sem Teto já encontrou lar para mais de 1.500 animais, mesmo sem participar das tradicionais “feiras”. Em 2014, a média de adoções por semana chega a quatro.
Mais jovem, a ONG Animalia foi formada no meio do ano passado, e também comemora o início de uma mudança de comportamento e de visão das pessoas com a questão animal. “Temos bons resultados. Fazemos duas feiras de adoção por mês, e em cada uma delas conseguimos encaminhar de 10 a 15 adoções, entre 30 a 40 animais que levamos para a feira. isso é ótimo”, diz Elaine Ramos, uma das fundadoras do Grupo Animalia.
O Grupo Animalia atua no resgate de animais, além de dar apoio às protetoras independentes — aquelas pessoas que não fazem parte de nenhum grupo ou ONG, mas mesmo assim desempenham papel importante na cidade.
Processo 
Mas são muitas as entidades que atuam no resgate, proteção e encaminhamento de adoções de animais em Curitiba. Uma rápida procura na internet para encontrar as ONGs e os locais de feiras de adoção. Mas com tanta gente bem intencionada, como distinguir as sérias. Nesta etapa, é bom para quem se interessa em adotar, observar o grau de comprometimento da entidade ou grupo.
O processo para conseguir adotar um animal não é nada simples.“A gente primeiro faz uma entrevista. Perguntamos onde o animal vai ficar, se algum animal já morreu naquela casa por conta de alguma infecção, o que o interessado na adoção acha da castração. Então fazemos uma entrevista capciosa para ver como é a pessoa com o animal. Se o entrevistado for aprovado, vamos na casa dele, pegamos comprovante de residência, RG, ele assina o termo de responsabilidade e nós entregamos o animal”, explica Ana Paula, do Animal Sem Teto.
“É importante que quem faz o encaminhamento da adoção faça o acompanhamento da pós-doação. Não é só entregar o animal e pronto. É comprometimento”, diz Elaine do Animalia. “Quem adota, tem que seguir nossas regras e orientações”, completa.