sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Na contramão, Curitiba tem a maior inflação do País em julho


   |  Ana Ehlert, Redação Bem Paraná


A evolução dos preços em Curitiba, em julho, ficou em 0,50%, frente aos 0,37% apresentados em junho, segundo a medição realizada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse aumento foi o maior registrado entre as 13 capitais pesquisadas pelo instituto e ficou na contramão da tendência apresentada pela inflação oficial do País, que no período recuou de 0,4%, em junho, para 0,01%, em julho — a menor para o mês de julho desde 2010.
No ano, a capital paranaense foi a que apresentou a maior inflação medida pelo IPCA: 4,44%. O índice está acima da média nacional, onde os preços de produtos e serviços avançou 3,76%. Em 12 meses, a inflação acumulada em Curitiba ficou em 7,23%, atrás apenas do Rio de Janeiro onde o IPCA aponta evolução de 7,42%.
Depois de estourar o teto da meta do governo no acumulado em 12 meses em junho – quando ficou em 6,52% – o IPCA recuou para 6,5% na mesma comparação em junho, taxa que é exatamente o teto da meta da inflação do Banco Central. 
“Foi uma forte desaceleração em relação à alta de 0,40% no mês de junho. Isso se deve praticamente, a vários grupos que caíram (variações), mas a maior desaceleração ficou com as despesas pessoais e com os transportes, porque nesses dois grupos temos itens que caíram bastante, que são de retorno da Copa do Mundo, que haviam apresentado altas variações no mês de junho”, explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de índice de Preços do IBGE.
Com o fim da Copa, as passagens aéreas e as tarifas de hotéis ficaram mais baratas com o fim da Copa. Depois de subirem 21,95% em junho, os preços das viagens caíram 26,86% - exercendo o principal impacto individual sobre o índice. No caso dos hoteis, as tarifas caíram 7,65%, após uma expressiva alta de 25,33% no mês anterior. Por outro lado, a energia elétrica residencial ficou mais cara de junho para julho, de 0,13% para 4,52%.
“As passagens aéreas subiram muito (em junho) por causa da Copa do Mundo e recuaram em julho. E nas despesas pessoais, foram os hotéis, que recuaram também. Esses dois grupos caíram, mas em termos de distância de junho para julho, grande parte dos grupos de produto e serviços recuou também de um mês para o outro. Só quem acelerou foram os artigos de residência (eletrodomésticos) e habitação, que foi a energia elétrica que pressionou. Mas ainda não devolveu tudo (em comparação com a alta que teve). As passagens até devolveram mais, mas os hotéis ainda estão devendo”, afirmou a coordenadora do IBGE.
Analisando os grupos de despesas que integram o cálculo do IPCA, o de transportes, que mostrou queda de junho para julho (de 0,37% para -0,98%), ficaram mais baratos itens como etanol (-1,55%), pneu (-1,01%), gasolina (-0,80%), automóvel novo (-0,29%), motocicleta (-0,14%) e automóvel usado (-0,09%).
No de despesas pessoais, onde estão incluídos os preços de hoteis, a variação também foi menor de um mês para o outro (de 1,57% para 0,12%), com influência da queda do custo de serviços de cabeleireiro e dos relativos a empregados domésticos.
Já no grupo de alimentação e bebidas, a queda ficou ainda maior, de 0,11% para 0,15% - resultado puxado pelos alimentos consumidos em casa. Na contramão, o consumidor pagou mais pelo leite (2,16%) e derivados como queijo (1,82%), leite em pó (0,87%) e iogurte (0,52%).
Com a chegada das liquidações às lojas do país, que fizeram os preços das roupas caírem 0,72%, o índice do grupo vestuário passou de uma alta de 0,49% para uma queda de 0,24% em julho. No caso do grupo relativo à comunicaçã, o recuo se acentuou de junho para julho, passando de -0,02% para -0,79% - isso porque as contas de telefone fixo ficaram 8,52% mais baratas.
Se a maioria dos grupos mostrou desaceleração dos preços, os de habitação e de artigos de residência tomaram caminho oposto, com variações passando de 0,55% para 1,20% e de 0,38% para 0,86%, respectivamente.
No primeiro caso, houve forte impacto dos preços de energia, o líder entre os impactos positivos do IPCA. Segundo o IBGE, esse comportamento é reflexo do aumento das tarifas em Curitiba, São Paulo, Recife e Porto Alegre.
Dentro desse grupo, também subiram os preços de despesas com condomínio (0,95%) e aluguel (0,92%).