sábado, 19 de julho de 2014

Dilma sai em defesa do Mais Médicos

  |  Folhapress


Dois dias após o candidato do PSDB à corrida presidencial, Aécio Neves, ter disparado críticas ao formato adotado pelo governo para o Mais Médicos, foi a vez de a presidente Dilma Rousseff sair em defesa do programa - uma de suas principais vitrines na tentativa de reeleição.
Durante mais de uma hora, na tarde desta sexta-feira (18), Dilma participou de um "Face to Face", respondendo a perguntas de internautas sobre o Mais Médicos, via um perfil no Facebook, que leva seu nome, administrado pelo PT.
Além de apresentar os mesmos dados e argumentações tradicionalmente divulgados pelo Ministério da Saúde, Dilma enfrentou as críticas feitas pelo senador e candidato Aécio Neves. Na quarta-feira (16), em sabatina realizada pela Folha de S.Paulo, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan, o tucano afirmou que faria modificações no programa, garantindo o pagamento integral do salário aos médicos cubanos e exigindo a revalidação dos diplomas. "Para nós, as criticas ao programa feitas pelo senador não significam uma sugestão para a melhoria do programa. Na verdade, essas críticas demonstram simplesmente que o senador é contra o Mais Médicos, aliás como foi a posição do seu partido, ao longo de todo o processo de aprovação", respondeu a presidente Dilma pelo "Face to Face".
As respostas foram dadas em horário de expediente e envolveram a participação de Dilma e dos ministros Thomas Traumann (Secretaria de Comunicação) e Arthur Chioro (Saúde), segundo informação do Palácio do Planalto. A entrevista não consta da agenda oficial da presidente e foi feita no Palácio da Alvorada. Na agenda de Chioro, consta apenas "reunião com a presidenta". Foram enviadas mais de 5 mil questões. A equipe respondeu a 20 delas, apresentando mapas com a desigual distribuição de médicos e uma coleção de dados sobre o programa. Antes de Dilma entrar no bate-boca eleitoral, o ex-ministro da Saúde e candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, e o próprio Ministério da Saúde já tinham entrado em campo em defesa do Mais Médicos.
"DEU CERTO" Pelo "Face to Face", Dilma afirmou que o Mais Médicos "deu certo". "Mais que deu certo, ele resolveu, de forma rápida, um dos grandes problemas de atendimento médico no Brasil. 22 Estados tinham menos que 1,8 médicos por mil habitantes. O que é um número muito baixo." A candidata explicou o motivo da escolha de médicos de Cuba - pela falta de interesse dos brasileiros, muita oferta de médicos cubanos e experiência desses profissionais - e afirmou que outras medidas serão feitas em paralelo, como a abertura de vagas em cursos de medicina e a ampliação da residência médica.
Dilma classificou a bolsa de R$ 3.000 paga por Cuba aos médicos que envia ao Brasil como "ajuda de custo adicional", afirmando que esses profissionais mantém seus salários e demais benefícios originais na ilha. Essa é uma das principais polêmicas envolvendo o programa, já que Cuba recebe do Brasil, via Opas (braço da Organização Mundial da Saúde nas Américas), pouco mais de R$ 10 mil por médico por mês, mas repassa apenas R$ 3.000 aos médicos.
Por fim, o "Face to Face" apresentou uma resposta incorreta sobre o programa. Por ele, a presidente afirmou que "os novos médicos recém-formados no Brasil podem integrar o programa. É só optar". No entanto, as inscrições estão encerradas. Segundo a Saúde, existe a possibilidade de que sejam reabertas no futuro, mas não há, hoje, a possibilidade de novos médicos se candidatarem ao programa. Enquanto a ampliação do Mais Médicos é tratada como uma "possibilidade" pela pasta da Saúde, ela é dada como certa pela campanha de Dilma à reeleição.