quinta-feira, 12 de junho de 2014

Leite cru estragado do RS era vendido no Paraná; marca Polly está no alvo do MP gaúcho


Da Redação/BandaB

A Confepar Agro-Industrial Cooperativa Central, fabricante de leite UHT e derivados da marca Polly com sede em Londrina, é investigada por comprar milhões de litros de leite cru estragado para comercializar no Paraná. A denúncia é do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS). O volume total do produto levado do Estado pode chegar a 7,3 milhões de litros por mês. No ano passado, a mesma cooperativa havia sido acusada pelo MP gaúcho de comandar um esquema de adulteração de leite naquele estado. Até o momento quatro pessoas foram presas durante a ação. Todas do Rio Grande do Sul. No Paraná, uma pessoa está com mandado de prisão decretado.
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Leite estragado apreendido no RS (Foto: MP-RS)
A investigação faz parte da sexta etapa da Operação Leite Compen$ado VI, desencadeada com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Receita Estadual e da Brigada Militar. A operação investiga a fraude no leite enviado para a Confepar Agro-Indústria Cooperativa Central, com sede no Paraná. Após mais de seis meses de investigações, ficou comprovado que a Cooperativa adquiria leite fraudado ou em deterioração no Rio Grande do Sul.
Segundo revelou o Promotor Mauro Rockenbach, somente em dois dias de fiscalização do Mapa, 60 amostras de leite foram consideradas impróprias para o consumo. De acordo com ele, o destino de todo esse produto era o estado do Paraná e nenhuma carga foi comercializada no Rio Grande do Sul. “É importante salientar que a Confepar sabia que estava recebendo produto impróprio para o consumo. O que observamos é que essa cooperativa entrou no RS há, aproximadamente, 18 meses para realizar uma concorrência criminosa, pagando um valor maior pelo litro do leite e cooptando rotas de produtores que antes forneciam para outras indústrias”, frisou.
Os quatro presos são o responsável pela captação no posto de resfriamento da Confepar no município de São Martinho (RS), Fernando Júnior Lebens; o Presidente da Cooagrisul, Alcenor Azevedo dos Santos; e o transportador de leite Diego André Reichert. Eles foram detidos nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (11). No início desta tarde foi preso Cleomar Canal, um dos sócios da Transportes Três C, de Ibirubá, também no RS. Ele já foi denunciado pela mesma prática delituosa na primeira fase da Leite Compen$ado, em maio de 2013, mas o processo ainda não foi julgado.
Quatro pessoas foram presas até o momento (Foto: MP-RS)
Quatro pessoas foram presas até o momento (Foto: MP-RS)
O Promotor de Justiça de Defesa do Consumidor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho destacou que a partir de agora a unidade de resfriamento da Confepar em São Martinho atuará em regime especial de fiscalização imposto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Alcindo Bastos também revelou que segundo o que foi apurado pelo Ministério Público, o produto adquirido no Rio Grande do Sul pela Confepar vem sendo utilizado para produção de leite e derivados da marca Polly no estado vizinho. “Nosso trabalho continua e, enquanto houver qualquer tipo de alteração na matéria-prima do leite, seguiremos agindo”, finalizou.
Nota da Confepar
Em nota, a Confepar reiterou que é “terminantemente contra qualquer tipo de adulteração no leite”. A cooperativa londrinense também afirmou que “sempre prezou pela qualidade dos produtos, fazendo diariamente todas as análises, por mais de 32 anos, garantindo assim a qualidade final dos produtos da marca Confepar.” A cooperativa destacou também que sempre colaborou com as investigações do Ministério Público do Rio Grande do Sul e se colocou à disposição da promotoria para esclarecimentos.