quinta-feira, 20 de março de 2014

Exercícios fisioterapêuticos podem evitar cirurgia em mulheres

Da SMCS


Um projeto-piloto com usuárias da Unidade de Saúde Sabará, na CIC, e que aguardavam encaminhamento para cirurgia ginecológica em função de problemas de incontinência urinária, mostrou que em boa parte dos casos é possível resolver o problema apenas com exercícios físicos.
Das 16 mulheres que começaram a frequentar o grupo de Tratamento Conservador da Incontinência Urinária com Exercícios Fisioterapêuticos, 12 delas (75% do total) obtiveram resultados positivos e não precisaram mais passar por uma intervenção cirúrgica. O sucesso foi tão grande que, nos próximos meses, o projeto será ampliado para outras unidades de saúde do Distrito Sanitário CIC.
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(Foto: Everson Bressan/SMCS)
O trabalho começou a partir de uma análise epidemiológica das pacientes com indicação para cirurgia, feita pela enfermeira da US Sabará, Patrícia Moresco. Ao verificar o alto número de pedidos para cirurgia ginecológica na unidade (13 ao todo) e alguns outros relatos de pacientes com o mesmo problema, Patrícia e a fisioterapeuta do Núcleo de Apoio ao Saúde da Família (Nasf) do CIC, Helen Rejane Dorneles Rautmann, convidaram as pacientes para participar do grupo, que se reúne uma vez por semana para aprender e praticar exercícios específicos para fortalecer a região do períneo.
Eficácia
Ao todo, 23 mulheres foram convidadas e 16 iniciaram as atividades. Dessas, 12 relatam estar curadas ou com uma melhora significativa do problema, dispensando a cirurgia. Os outros quatro casos foram peculiares: uma paciente abandonou o tratamento, outra mudou de unidade e não foi possível fazer o monitoramento dos resultados, a terceira apresentou melhorias nos primeiros meses, mas os resultados foram alterados por causa dos efeitos colaterais de alguns medicamentos, e apenas uma paciente não percebeu nenhuma melhoria. “Foi o único caso que realmente precisava passar por cirurgia”, comentou a fisioterapeuta.
Helen disse que a incontinência urinária em mulheres é um evento bastante comum e, nem sempre, patológico. O trabalho em grupo acontece uma vez por semana, todas as terças-feiras, mas cada paciente precisa fazer a “lição de casa” para ver os resultados. No grupo, que lembra uma aula de ginástica, equipamentos como colchonete, bola e bastão são usados em exercícios para fortalecimento da região do períneo.
Além disso, também há uma análise dos hábitos alimentares da paciente. “Às vezes, é necessário modificar a dieta da paciente, nos casos em que ela apresenta constipação intestinal. A dificuldade para evacuar pode comprometer a musculatura da região e contribuir para piorar o quadro”, explicou.
Qualidade de vida
A vendedora Zenaide de Souza Conche, de 39 anos, sofria com as frequentes infecções na bexiga e a incontinência urinária há mais de 15 anos. Desde que aderiu ao tratamento, as infecções se tornaram raras e a incontinência reduziu muito. “Alguns ginecologistas diziam que era ‘bexiga caída’, aí eu fazia os exames e eles não acusavam nada físico”, relembrou.
Para Zenaide, exercícios como pular e correr eram descartados, devido à incontinência urinária. “Agora não deixo jamais de fazer os exercícios que aprendi no grupo. São ações simples, mas que dão um enorme resultado”, afirmou.
A dona de casa Nildemar Ferreira de Jesus Oliveira, de 55 anos, passava pelos mesmos constrangimentos relatados por Zenaide. Durante mais de cinco anos, sofria para fazer exercícios ou tossir, situação que a deixava constantemente tensa. “Era muito desconfortável. Aprendi os exercícios de fisioterapia e hoje faço em casa, rotineiramente. O que é para o nosso bem, a gente não esquece nunca”, disse.