sábado, 22 de fevereiro de 2014

Governistas e oposicionistas divergem em avaliação sobre cortes no Orçamento


Da Agência Brasil

O anúncio dos cortes no Orçamento, feito  pelo Ministério do Planejamento, foi recebido como um “desrespeito à peça orçamentária” por oposionistas e como um “esforço para manter o equilíbrio das contas públicas” pelos governistas no Congresso. O contingenciamento, no entanto, já era esperado por ambos.
Para a ex-ministra da Casa Civil, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o anúncio do corte de R$ 44 bilhões foi “positivo” e mostra o empenho do governo em manter a relação entre sua dívida e o produto interno bruto do país em equilíbrio. Para ela, o esforço para economizar mais não afetará programas importantes, em especial na área social, e trará mais investimentos para o país. “Isso é importante porque mostra o resgate de credibilidade que o Brasil está tendo nos seus investimentos. Pela primeira vez no curto prazo já registramos mais entrada de dólares que saída”, disse Gleisi.
Sobre a revisão do crescimento econômico para 2,5%, também apresentada pelo governo, a senadora disse que foi uma “adequação da realidade” ao contexto global. “Não podemos esquecer que estamos inseridos em uma economia global. O Brasil não tem governabilidade de pressupostos econômicos sozinho. A economia no mundo não está crescendo em proporções grandes. Obviamente que o Brasil segue isso. Acho que foi importante o governo apresentar esses números adequados à realidade, mostrar que está fazendo esforço, mas que vai continuar com o compromisso com o povo brasileiro de manter investimentos e programas sociais”, disse a ex-ministra.
Nesse contexto, Gleisi criticou o relatório divulgado pelo Banco Central dos Estados Unidos (Fed) que coloca o Brasil em segundo lugar na lista de países mais vulneráveis economicamente. Segundo ela, o relatórios não é claro quanto à metodologia adotada e foi produzido por um organismo que não é isento. “Não pode uma instituição que é representativa apenas de um país fazer uma avaliação dessa. O Fed é parte interessada. Nós estamos competindo com a China, com os Estados Unidos e com outros países e o Fed representa os Estados Unidos”, alegou Gleisi. Ela pretende negociar com a bancada governista a aprovação de uma nota de censura ao Banco Central americano pelo relatório.
Para o oposicionista Álvaro Dias (PSDB-PR), no entanto, o governo brasileiro já criou o hábito de produzir peças orçamentárias com as quais ele sabe que não poderá cumprir. “É um vídeo tape que repete a estratégia de todos os anos. Uma demonstração de que o governo não tem capacidade de planejar, não tem visão de futuro, não prevê acontecimentos, elabora mal o Orçamento, negocia mal, faz do governo uma peça de retórica. Não há respeito com as normas estabelecidas na peça orçamentária. O contingenciamento é brutal todos os anos, mesmo sem setores essenciais como em segurança pública, em que R$ 3 bilhões não foram aplicados no ano passado”, acusou.
Na opinião de Dias, a incoerência entre o Orçamento que é aprovado pelo Congresso e o que é executado posteriormente gera “falsas expectativas” nos setores interessados em receber investimentos. “O governo elabora mal e negocia mal com o Congresso. É evidente que os parlamentares aproveitam para inflar o Orçamento, gerando falsa expectativa em determinados setores da administração pública. Vendem a falsa ilusão de que investimentos serão feitos e depois eles acabam se frustrando”, disse Dias.