Bombeiro e churrasqueiro dão dicas para que o acendimento seja seguro.
Em 2013, 37 pessoas foram vítimas de queimaduras graves no Paraná.
Nos dias de verão, o hábito do churrasco feito em casa leva churrasqueiros de fim de semana às compras. Desde o início de 2013, porém, a opção mais recorrente para acender a churrasqueira – o álcool líquido de 92,8° – deixou de figurar nas prateleiras. A proibição levou à diversificação dos métodos de acendimento, entre eles, alguns métodos considerados perigosos pelos bombeiros, como o etanol e o querosene.
De acordo com o Major Manoel Vasco, do Corpo de Bombeiros do Paraná, em 2013 foram atendidas pelo menos 37 pessoas vítimas de queimaduras ocasionadas por acidentes em churrasqueiras. Em um deles, em Ponta Grossa, umadolescente de 14 anos morreu após ter 70% do corpo queimado. Ele tentou acender a churrasqueira com etanol comprado em posto de combustíveis, segundo os bombeiros.
Segundo Vasco, o etanol e outros combustíveis do tipo, como gasolina e querosene, são os principais vilões na hora de acender a brasa. “As pessoas que utilizam estes métodos esquecem de um pequeno, mas importante detalhe. Ao se colocar esse tipo de produto, ele inala os gases, e o gases ficam no ar acima da churrasqueira. Ao acender o fósforo, automaticamente os gases vão queimar, onde estiverem localizados”, explicou o bombeiro. Segundo ele, os danos em vias aéreas são frequentes nesse tipo de acidente.
Dicas
Ainda de acordo com Vasco, a maior parte dos problemas costuma ocorrer quando já existe um fogo na churrasqueira, mesmo que fraco, e os churrasqueiros tentam intensificá-lo. “O cara vai com a garrafa de álcool na mão e vai jogar ali” detalha o major. Segundo ele, os métodos mais seguros são através de um papel úmido com óleo de cozinha em meio ao carvão, ou ainda os acendedores e álcool em gel, com menor graduação. “Eles acendem mais lentamente, mas são mais seguros. O problema é que o pessoal nem sempre tem paciência”, lamenta Vasco.
Mesmo para quem ainda possui exemplares do álcool líquido de alta graduação, o manuseio de maneira correta é o suficiente para evitar qualquer acidente. É o que garante o churrasqueiro Ronaldo Silva, no ramo há 14 anos, sem nenhum acidente no currículo. Atualmente na Churrascaria Botafogo, em Curitiba, ele diz que algumas técnicas podem minimizar os riscos.
“Tem que deixar a garrafa de álcool afastada da churrasqueira, procurar não ficar muito perto, e não colocar o rosto perto da churrasqueira na hora de acender”, explica. Segundo o churrasqueiro, a melhor estratégia é acender o carvão em uma das pontas da churrasqueira, deixando que ele se espalhe naturalmente ao longo do tempo. Após colocar o álcool, é recomendado esperar um minuto antes de acender o fogo.
Segundo Silva, essa técnica evita, por exemplo, que seja preciso recolocar álcool quando a brasa abaixa, e se deseja intensificar o fogo. “Você pega meio saco de carvão e vira do lado da brasa, para ela ficar encostada com o carvão novo. Em dez minutinhos você já está com fogo alto de novo”, garante o churrasqueiro.
Para quem deseja utilizar os acendedores próprios, Silva diz que também se deve evitar o meio da churrasqueira. “O ideal é colocar na ponta também. Você faz uma casinha com o carvão, e coloca o acendedor embaixo. Nunca coloque em cima do carvão, porque ele vai pegar fogo, mas vai demorar muito”, sugere o churrasqueiro. Para reacender a brasa, a técnica é a mesma sugerida para quem utilizou álcool. “Você vai ter o fogo pra continuar o seu churrasco sem precisar parar”, garante.
