sábado, 14 de dezembro de 2013

PRF mostra as rotas mais perigosas


Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Aniele Nascimento/Gazeta do Povo / Proximidades da “Curva da Santa”, na BR-376: perigo iminenteProximidades da “Curva da Santa”, na BR-376: perigo iminente
TRÂNSITO


Banco de dados da Polícia Rodoviária Federal indica os trechos com mais acidentes e mortes no país. No Paraná, três pontos se destacam
Publicado Gazeta do Povo| FELIPPE ANÍBAL

Se você for de carro ao litoral de Santa Catarina, redobre a atenção. O trecho da BR-376 que liga a Serra do Mar à BR-101, que dá acesso às praias catarinenses, é um dos três pontos mais perigosos das rodovias federais que cortam o Paraná. Só no primeiro semestre deste ano, foram registrados quase 700 acidentes e dez mortes no segmento mais crítico da estrada. O segundo trecho mais perigoso também se encontra na BR-376, entre Maringá e Marialva, no Norte do estado. O terceiro é um trecho da Linha Verde, em Curitiba. Os números foram obtidos a partir do DPRF.info, banco de dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que disponibiliza estatísticas sobre as ocorrências em todos o país.
Curitiba
Linha Verde também está entre os pontos com mais acidentes
O trecho da rodovia BR-476 que passa pelo perímetro urbano de Curitiba – conhecido como Linha Verde – também está na lista dos pontos em que mais ocorrem acidentes no Paraná. Só no primeiro semestre deste ano, a PRF registrou 628 ocorrências, entre os km 120 e 150, no segmento entre a capital e Araucária, na região metropolitana. O número corresponde a mais de 60% dos desastres registrados em toda a rodovia. Quatro pessoas morreram em decorrência dos sinistros.
Em relação ao semestre anterior, o número de acidentes, de mortos e de feridos aumentou no ponto, contrariando a tendência nacional. Apesar disso, a PRF aponta que os casos ocorridos na Linha Verde tendem a ser menos graves. Via de regra, são colisões leves.
“No bairro Pinheirinho, o asfalto é mais acidentado. Aí, quando o motorista pega uma pista em condições melhores, aproveita para andar mais rápido. É aí que ocorrem os acidentes”, disse o inspetor Carlos Leonardo de Albuquerque Novaes. “Com conscientização dos condutores, evitaríamos muitos acidentes no trecho”, finalizou.
Causas
Um terço dos acidentes é provocado por falta de atenção
O levantamento da PRF mostra que a negligência é a principal responsável pelas mortes ocorridas entre as rodovias federais. Um terço dos acidentes foi motivado por falta de atenção dos condutores. Não guardar a distância de segurança em relação ao veículo que trafega à frente, viajar em velocidade acima da permitida e desrespeitar a sinalização da via também estão entre as principais causas das ocorrências. O dia mais crítico para se pegar a estrada é sexta-feira, às 18 horas.
“A gente percebe que a grande maioria dos acidentes poderia ter sido evitada pelos motoristas, a partir de atitudes simples: respeitar a sinalização e a legislação de trânsito”, disse o inspetor da PRF, Carlos Leonardo de Albuquerque Novaes.
No primeiro semestre deste ano, a cada dez condutores envolvidos em ocorrências, nove eram homens. Em relação à faixa etária, um terço dos motoristas que se acidentaram têm entre 26 e 35 anos. Também é considerável (24,4%) o índice de condutores com idade entre 36 e 45 anos que se envolveram em sinistros.
Os 60 quilômetros na ligação da BR-376 com Santa Catarina são responsáveis por quase um terço dos desastres ocorridos no primeiro semestre de 2013 em toda a rodovia. O trecho é de pista dupla, mas marcado por uma serra bastante sinuosa, aclives acentuados e afunilamentos causados por obras, principalmente em pontes. Um dos pontos mais perigosos é a chamada Curva da Santa, no km 666. Apesar disso, o número de acidentes mostra tendência de queda.
“Geralmente, os condutores abusam da velocidade antes de entrar nas curvas. Por serem curvas acentuadas, acabam não conseguindo completá-las. Há muitos tombamentos e colisões traseiras”, explicou o inspetor da PRF, Elgson Navarrete de Azevedo.
Trecho urbano
Outro ponto dos mais perigosos do Paraná também fica na BR-376, mas em um trecho urbano. A Avenida Colombo – segmento da rodovia que passa pelo perímetro urbano de Maringá –, por exemplo, está em décimo lugar na lista dos trechos rodoviários do país com o maior número de acidentes. Em um espaço de vinte quilômetros (até Sarandi), 607 veículos se acidentaram no primeiro semestre deste ano.
A Colombo é composta por duas pistas em sentidos opostos, com quatro faixas cada. Há muitos cruzamentos e passagem de pedestres. Como o tráfego é intenso – são mais de 80 mil veículos por dia – costumam haver colisões, principalmente em decorrência da falta de atenção dos motoristas e do excesso de velocidade.
“As características da via demandam cuidado muito grande do condutor. Mas, muitas vezes em razão da pressa, o motorista se excede e não observa as condições de segurança”, diz o inspetor Luis Spaciari. “Os acidentes, no entanto, são, em geral, colisões pequenas, em que há apenas danos materiais. As ocorrências são menos violentas que em trechos rurais”, acrescentou.
Tendência é de queda nos índices
Em média, 17 pessoas morrem em desastres ocorridos em rodovias federais de todo o país, a cada dia. Apesar de os números brutos assustarem – foram quase 89 mil ocorrências e 3.165 mortos, no primeiro semestre deste ano – os números vêm em queda ao longo dos anos. Foram 4% menos acidentes e 17,6% menos óbitos nas estradas.
O Paraná acompanhou esta tendência. Os trechos das quatro rodovias federais mais importantes que cortam o estado observaram a redução de todos os índices aferidos pelo DPRF.info. Na BR-116, o número de acidentes registrados ao longo dos 230 quilômetros da rodovia que passam pelo Paraná foi 11,1% menor. O índice de feridos e de mortos também despencou (19,5% e 25,9%, respectivamente).
Os 682 quilômetros da BR-476 que cruzam o estado tiveram as maiores reduções no número de pessoas que se feriram e que morreram em acidentes (26,1% e 56,7%). Na BR-277, o destaque foi o recuo do índice de acidentes, que diminuiu 7,1%. Na BR-376, o número de óbitos causados pelas ocorrências sofreu queda de 13,4%.