segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Alunos de 10 escolas disputam torneio internacional de robótica


principalPatrick Juan Moraes, 13, Cristhian Sidoly de Paula, 12, e Raul Bonfim, 13, alunos da Escola Municipal Papa João XXIII, no Portão, já decidiram a carreira profissional a seguir, antes mesmo de concluir o ensino fundamental. Quando o vestibular chegar, a opção de curso dos três será a mesma: engenharia mecânica.
A descoberta precoce das vocações dos três adolescentes se deu pela participação dos meninos no projeto Robótica nas Escolas, da Prefeitura de Curitiba, desenvolvido em parceria com a indústria de brinquedos Lego. Atualmente 40 escolas municipais trabalham com algum projeto que usa os kits educativos da Lego. Um dos kits de montagem é o de Robótica.
A exemplo de colegas de outras nove escolas municipais, Patrick, Cristhian e Raul estão participando do First Lego League (FLL), torneio internacional de Robótica, para o qual desenvolveram, com peças de metal e plástico da Lego, um robô que funciona com bateria de telefone celular. A fase regional do torneio será em outubro, em Curitiba.
Os três estudantes, orientados pela pedagoga Manancita Palu, se reúnem numa pequena sala da escola, em torno de uma mesa de trabalho com várias simulações enviadas pelos organizadores do campeonato - cujo tema deste ano é a Biomedicina. Para testar as habilidades de sua criação, os meninos apresentam o robô criado e montado por eles.
O equipamento desenvolve tarefas de acordo com uma programação computadorizada, feita por outros integrantes da equipe de pequenos cientistas curiosos e confiantes na vitória da disputa regional. Peças montadas, baterias carregadas, um programa desenvolvido por computador alimenta uma espécie de carrinho, com gruas e guindastes, e que funciona de verdade.
A professora Manancita Palu explica que, graças a essa atividade, alunos com dificuldade de aprendizado, muitas vezes com problemas disciplinares, melhoram o desempenho em atividades que exigem mais desenvolvimento mental - matemática, ciências, conceitos de física, como força, peso, estabilidade - e conseguem descobrir suas verdadeiras vocações.
"Um adolescente com idade ente 12 e 15 anos, em regra, ainda não sabe que profissão escolher. Todavia, esse tipo de atividade que as escolas municipais de Curitiba oferecem aos seus estudantes, ajuda muito na hora das escolhas", afirma Manancita.
"A participação dos estudantes em campeonatos possibilita o desenvolvimento do trabalho em equipe, com o comprometimento de todos durante o processo de construção e programação, despertando neles posturas e atitudes mais confiantes diante de situações de tomada de decisão, com mais argumentação em defesa de idéias próprias", avalia a secretária municipal da Educação, Liliane Sabbag.
Pequenos cientistas - Os pequenos cientistas da Escola Papa João XXIII, que participam do torneio internacional de Robótica, contam como se deu a escolha pela carreira do futuro. Patrick, 13 anos, está na oitava série, mora no Novo Mundo e participa do projeto Robótica na Escola desde 2010.
Patrick, com ar de quem sabe o que quer, ao ser perguntado sobre que curso pretende seguir, responde com firmeza: “mecatrônica, na UTFPR. Mas como já toco guitarra e gosto muito de música, pretendo conciliar a mecatrônica com a faculdade de música”, diz.
Ele diz que para ser músico tem que ser tão criativo quanto um engenheiro mecânico. Por meio do programa de robótica, conta que conseguiu desenvolver mais a criatividade e garante que se tornou “uma pessoa mais confiante”. 
Patrick se expressa como gente grande, e por nenhum momento larga o robô que funciona com bateria de celular. O tempo todo faz questão de explicar como funciona o brinquedo que, para ele, é uma obra de engenharia.
Cristhian, 12 anos, conta que a robótica já faz parte de seu cotidiano e que a atividade ajudou a melhor seu desempenho na escolar. Raul, 13 anos, é ainda mais precoce. Já faz um curso de mecânica numa escola no centro da cidade. “Consegui meia bolsa e estudo lá três vezes por semana”.
Albenin Hala Ferreira da Silva, 15 anos, ex-aluno da Escola Papa João XXIII, também passou pelo programa Robótica nas Escolas e não largou mais a atividade. Albenin cursa o primeiro ano do ensino médio, em uma escola estadual no Bairro Novo, e se tornou se tornou o assistente da professora Manancita Palu, na orientação de novos integrantes do programa.
Saiba mais sobre o projeto Lego
   
O projeto Lego teve início nas escolas municipais de Curitiba em 2003, com objetivo de proporcionar ambientes diferenciados para a aprendizagem. Pelo projeto, a Secretaria Municipal da Educação adquiriu 3 mil kits de montagem e 11.500 fascículos de material didático, que foram distribuídos na rede municipal de ensino.
O grande ganho do trabalho com os kits Lego nas escolas é o desenvolvimento da cognição dos alunos, da memória, do raciocínio lógico e da construção das estruturas básicas da inteligência. Os alunos também desenvolvem o senso de organização e cuidado com os materiais, um aprendizado para o resto da vida.
Conheça o torneio First Lego League (FLL)
O torneio First Lego League (FLL) é um programa global criado para envolver e incentivar jovens no mundo ciência e tecnologia, que acontece todos os anos. Com participantes entre 9 e 15 anos, a FLL utiliza temas baseados em desafios para engajar os estudantes na investigação e resolução de problemas, colocando-os em contato com o mundo da engenharia.
Cada desafio anual tem duas partes, o Projeto de Pesquisa e o Robô. Trabalhando em equipes de até 10 jovens, todos os participantes são guiados por pelo menos um adulto. As equipes têm um curto período de tempo para criar um robô autônomo que, em 2 minutos e 30 segundos, deve executar missões pré-estabelecidas.
Os eventos FLL são muito semelhantes. Os juízes assistem aos robôs nas partidas, marcando a pontuação dos jogos. Jurados revisam as apresentações do projeto de pesquisa das equipes. As equipes ganham prêmios e troféus em um ambiente de muita diversão, reconhecimento e aprendizado. Informações sobre o torneio pelo site: www.brfirst.org.