domingo, 14 de novembro de 2010


SUDESTE ASIÁTICO

Governo de Mianmar liberta Aung San Suu Kyi

do site Opinião e Notícia

Ativista símbolo da luta pela democracia finalmente deixa prisão domiciliar

O governo militar de Mianmar libertou neste sábado, 13, a ativista Aung San Suu Kyi, que foi saudada em sua casa por milhares de manifestantes que celebraram cantando o hino nacional. Usando uma jaqueta tradicional e uma flor amarela nos cabelos, Suu Kyi declarou que espera rever as 5 mil pessoas que celebraram sua libertação no domingo, no quartel-general de seu partido.
“Se trabalharmos com união, atingiremos nossos objetivos. Temos muito a fazer”, disse a ativista e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, que passou os últimos sete anos e meio presa, e se tornou um símbolo da luta por democracia na nação do Sudeste Asiático, que é comandada por um regime militar desde 1962. A libertação de Suu Kyi, 65, aconteceu uma semana depois da eleição vencida pelo partido dos militares e condenada pelo Ocidente como uma farsa destinada a perpetuar o regime no poder.  A ativista passou 15 de seus últimos 21 anos em prisão domiciliar.
A libertação de Suu Kyi foi quase que imediatamente celebrada por diversos líderes mundiais. “Se Suu Kyi vivia na prisão de sua casa, ou na prisão de seu país não invalida o fato de que ela, e a oposição política que ela representa têm sido sistematicamente silenciadas, encarceradas e privadas de qualquer oportunidade de tomar parte no processo político”, disse o presidente norte-americano Barack Obama, que se referiu à ativista como “minha heroína”.
“Aung San Suu Kyi é uma inspiração para todos nós que acreditamos na liberdade de expressão, na democracia e nos direitos humanos”, declarou o primeiro-ministro britânico David Cameron. “É crucial assegurar que Aung San Suu Kyi tenha, a partir de agora, liberdade irrestrita de expressão e movimentação, e que possa participar do processo político de seu país”, disse o presidente da Comissão Europeia, Jose Manuel Barroso.
Em 1990, a Liga Nacional pela Democracia, o partido de Suu Kyi, obteve uma vitória esmagadora nas eleições, mas os militares se recusaram a abrir mão do poder e passaram a perseguir seus oponentes. Sua libertação dá munição ao governo, que vem sendo criticado pelo resultado das últimas eleições – que deu a seu partido a maioria em ambas as câmaras – e por seus índices no campo dos direitos humanos, que incluem 2200 prisioneiros políticos e campanhas militares contra minorias étnicas. É improvável que os militares permitam que Suu Kyi convoque grandes massas para lutar ativamente pela democracia no país, mas sua libertação é encarada com esperança.
“Não há uma oposição formal em Mianmar, então sua libertação representará uma oportunidade de reorganizar e revitalizar a oposição de maneira concreta”, diz Muang Zarni, um dissidente exilado, e pesquisador de Mianmar na London School of Economics. Ao ser libertada brevemente em 2002, Suu Kyi declarou que sua libertação não deveria ser encarado como “um grande passo rumo á democracia”. “Quando todos em Mianmar puderem gozar de uma liberdade básica teremos dado esse passo”.
Tendo passado a maior parte de sua vida fora do país, Sun Kyi voltou a Mianmar para tomar conta de sua mãe, enquanto protestos contra os 25 anos de regime militar explodiam nas ruas. Ela foi rapidamente alçada à condição de líder por ser filha de Aung San, que liderou a independência de Mianmar do Reino Unido, antes de ser assassinado por políticos rivais. Presa em 1989, ela recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1991, e se tornou um símbolo para o Ocidente, crítico do regime militar de Mianmar.
Aung San Suu Kyi se casou com o inglês Michael Aris, que morreu de câncer em 1999, depois de ter vistos negados para Mianmar por três anos. Seu filho mais velho, Michael, vive nos Estados Unidos, e representou Suu Kyi na entrega do Prêmio Nobel. Seu filho mais novo, Alexander, impedido de entrar em Mianmar, espera na Tailândia pela oportunidade de ver sua mãe pela primeira vez em dez anos. Suu Kyi teve a oportunidade de deixar o país para encontrar a família, mas preferia ficar em Mianmar, pois temia não conseguir retornar caso saísse do país.