quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Curitibanas lotam academias de artes marciais e autodefesa


Consideradas alvos fáceis pelos ladrões, as mulheres lotam as academias de artes marciais e de autodefesa

Rodolfo Luis Kowalski - especial para o Bem Paraná

O Muai Thai tanto pode ser usado como condicionamento físico como para ter noções de defesa pessoal: mas nada substitui a prudência (foto: Franklin de Freitas)
A sensação de insegurança é grande. A cada dia, o Paraná registra, em média, oito homicídios. Em Curitiba, são registrados diariamente cerca de 83 roubos. Diante da sensação de insegurança, a população já começa a se mobilizar, especialmente as mulheres. Alvos considerados fáceis para criminosos, elas começam a deixar para trás a ideia de “sexo frágil” e, cada vez mais, dominam os tatames. 
Afinal, depois de lutar para conquistar espaço em todas as áreas, elas querem se sentir seguras, nem que pelas próprias mãos (e pés). Nas academias de luta a presença delas deu um salto. “O número total de praticantes de Kraf Magá tem crescido 30% ao ano. Já o número de praticantes mulheres cresce 40%. Antes, tínhamos em uma turma cerca de 20% de mulheres. Hoje o percentual chega a 40%”, afirma Gerson Madlener, instrutor chefe do Paraná e diretor institucional da Federação Brasileira de Krav Magá, que também é policial e instrutor na Academia de Sobrevivência Urbana (SOBS).

Contudo, não é apenas o Krav Magá que as mulheres tem utilizado para aprenderem a reagir (quando necessário) em situações de risco. Academias de Muay Thai, Jiu-Jitsu e MMA (Mixed Martial Arts) também estão em evidência, especialmente após o sucesso alcançado pelo UFC (Ultimate Fighting Championship). 
E para conquistar o público feminino, diversas academias oferecem aulas exclusivas para elas. É o caso da Team Nogueira, que toda segunda, quarta e sexta-feira às 18 horas promove o Ladies Camp. 
“Hoje, cerca de 60 mulheres treinam com a gente, o que representa quase 40% do total de alunos. Quando abrimos a academia, um ano atrás, apenas 10% dos alunos eram do sexo feminino. E cada dia tem mais mulheres treinando, inclusive a impressão que eu tenho é que tem mais meninas procurando (as academias de artes marciais) do que meninos”, afirma Paôlla Fernanda Bernardino, de 22 anos, estudante de jornalismo e recepcionista da Team Noguera. 
“O intuito delas, além da defesa pessoal, é emagrecer e definir o corpo”, afirma a jovem, adepta do Muay Thai.
“Antes, a agressão da mulher se resumia a agressão doméstica ou assalto. Mas hoje tem agressões gratuitas. Na noite, o cara tenta ficar à força e se a mulher não aceita, ela é agredida. No entanto, a mulher está deixando de ser uma vítima, o sexo frágil. Ela quer encontrar o espaço dela”, opina Gerson.
Sandra Lichtenstein, esposa do Mestre Kobi, o introdutor do Krav Magá na América Latina, e responsável pela parte administrativa da Federação Sul-Americana de Krav Magá, conta que começou a praticar após ser assaltada diversas vezes. 
“Um dia eu estava batendo papo com um amigo e comentei que já tinha sido assaltada mais de 10 vezes. Aí alguém simplesmente falou para mim: ‘Você não acha que chega?’. Então resolvi começar a treinar”, conta. “Quando o Krav Magá começou no Brasil, há 25 anos, apenas 5% dos praticantes eram mulheres. Hoje já são mais de 30%. 99% delas fazem para pararem de se sentir inseguras na rua. Algumas fazem para ganhar condicionamento físico, mas a maioria é por conta da insegurança”, completa.

O que é o Krav Magá
Uma das principais opções para aquelas que querem aprender a se defender é o Krav Magá. O sistema de combate, desenvolvido e ensinado por Imi Lichtenfeld em Israel, quando os judeus eram perseguidos pelos nazistas, tem um único objetivo: a sobrevivência. Com o tempo, as técnicas foram adaptadas e adequadas para o mundo civil, tornando-se eficiente e acessível para todo e qualquer ser humano, seja ele forte ou fraco, homem ou mulher, jovem ou idoso

Na rua, você não escolhe quem é seu agressor, então não tem equivalência de tamanho ou de peso. Você deve estar preparado para lidar com qualquer situação, e o Krav Magá surgiu daí

Para tornar a arte de fato efetiva tanto para homens quanto para mulheres, Imi Lichtenfeld usou de seus conhecimentos sobre medicina, esportes e física. Assim, ele eliminou a problemática da lei do mais forte. Por isso, a prática torna-se cada vez mais popular entre as mulheres