sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Anvisa libera doze pedidos de importação de canabidiol no Paraná


edicamento, derivado da maconha, serve para pacientes que sofrem de convulsões; liberação gera debate

 Rodolfo Luis Kowalski -especial para o Bem Paraná


Desde o começo do ano, diversos casos de pacientes que sofrem de convulsões e buscam no tratamento com canabidiol  (CBD) uma forma de controlar as crises viraram notícia no país. Desde abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já liberou 184 pedidos para importação da pasta com CBD, de 223 solicitações. Somente no Paraná foram feitos 16 pedidos, dos quais 12 já foram autorizados. Os casos de importação do medicamento reforçou o debate sobre a legalização da maconha no Brasil, que já vem ganhando espaço em outros países, inclusive nos Estados Unidos.
Para conseguir importar o medicamento, porém, é preciso encarar muitas complicações. É que o CBD é uma das mais de 400 substâncias encontradas na Cannabis Sativa, a maconha, e sua prescrição é proibida no Brasil. Contudo, diferentemente da droga inalada, o composto não altera os sentidos nem provoca dependência. Ainda assim, a  Anvisa exige a apresentação de prescrição médica, laudo médico, termo de responsabilidade e formulário de solicitação de importação para medicamentos controlados. Depois, é preciso ainda pagar caro pelo produto. Uma ampola de 10 ml custa em média US$ 600, mas chega ao país por R$ 2.500 incluídos os impostos, sendo que dura apenas alguns dias.
Tanto esforço para conseguir o medicamento tem explicação. É que os efeitos positivos em tratamentos são conhecidos (e também são muitos). Tanto que o CBD é utilizado para tratar doenças como Parkinson, esclerose múltipla, combater sintomas da aids e do câncer e até mesmo para ajudar a melhorar a qualidade do sono. Em transtornos psiquiátricos, já mostrou evidências na redução de sintomas de ansiedade por fobias sociais e outras.
Com tantos benefícios, a Anvisa já estuda reclassificar o canabidiol como medicamento. “Não há evidências na literatura que essa substância cause dependência, ao contrário da maconha. Usando termos comuns, não deixa a pessoa ‘doidona’”, afirmou o diretor-presidente substituto da Anvisa, Ivo Bucaresky, em audiência pública na comissão de seguridade social e família da Câmara dos Deputados, na última terça-feira. “Nossa grande questão é discutir a eficácia e segurança dos produtos”.
CBD x THC 
Canabidiol e a maconha têm mecanismos de ação diferentes. O THC (tetra-hidrocarbinol) é a substância psicoativa da maconha, ela é ativada pelo calor e traz os efeitos inconvenientes. O THC é extraído da folha e da semente da planta. Já o CBD (canabidiol) é extraído do talo da canabis e é um concentrado oleoso isento de efeitos alucinógenos. Ele é ansiolítico e antipsicótico. Esse tem função medicamentosa, é usado como procedimento terapêutico restrito e excepcional. O efeito dele é reduzir as alterações que ocorrem nas sinapses cerebrais e assim diminuir a frequência de convulsões do paciente.

Proibicionistas x Anti-proibicionistas da maconha

Argumentos pró-legalização

Índice de dependêndia menor do que o do álcool e do cigarro

Auxilia viciados em crack a largar a droga

Controle da qualidade da droga, que não traria mais misturas

Estudos demonstram efeitos medicinais positivos da maconha in natura 

Restringir melhor o acesso a menores do que a proibição
Argumentos contra a legalização

Pode causar problemas no pulmão e perca de memória

Falta estrutura para tratamento de dependentes

Legalização aumentaria o número de usuários

Como o preço da droga subiria, ainda seria preciso fiscalizar o comércio ilegal

Multiplica a incidência do desenvolvimento de esquizofrenia