sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Curitiba tem mil praticantes de parkour. Sabe o que é isso?


Atividade é praticada na Capital há dez anos, e vem ganhando mais adeptos. Equipe dá aulas gratuitas na cidade

  |  Rodolfo Luis Kowalski - especial para o Bem Paraná

Aula de parkour no ginásio da PUC-PR acontecem todas as quinta-feiras, na parte da tarde: atividade alia esporte, filosofia, arte e disciplina (foto: Valquir Aureliano) 
Onde a maioria das pessoas enxerga um obstáculo, Lucas Lima e Jânio Stunpff viram uma oportunidade. Desde 2005, os dois paranaenses praticam o Parkour, uma atividade criada na década de 1980, na França, por Yann Hnautra e David Belle, e que cresce cada vez mais em todo o Brasil e no Paraná. No próximo dia 11 de outubro, inclusive, o PK (abreviação do nome da atividade) completará 10 anos de existência em Curitiba, enquanto a Associação Paranaense de Parkour (APRPK) comemorou seu primeiro ano de vida no último dia 1º de setembro. Nos últimos anos, o número de praticantes da atividade mais que dobrou.
O parkour começou como um tipo de atividade que desafiava o próprio corpo, utilizando como obstáculos o que estivesse à frente. Na França, os praticantes utilizavam os obstáculos das ruas, como escadas, placas, muros, bancos, que eram transpostos em verdadeiros malabarismos. Os desafios ficaram tão sérios que a polícia francesa chegou a coibir o parkour nas ruas.
Segundo Lucas Lima, membro da equipe Ponto B e um dos mais antigos praticantes do Parkour no Paraná, em 2010 a comunidade do PK no Orkut contava com 2 mil pessoas. Hoje, estima o tracer, existem cerca de mil praticantes só em Curitiba, além de 10 mil simpatizantes. Em todo o Paraná, o número de traceurs e traceuse (feminino) passam dos 5 mil.

“Nos últimos anos, o Parkour mudou muito. Quando começamos em Curitiba, ele era muito enraizado numa filosofia militarista de ‘ser forte para ser útil’. De uns anos para cá, ele acabou dando mais ênfase à estética do movimento, à movimentação em si, e não ao que você está indo buscar”, explica Lucas, que é instrutor de Parkour certificado pela Parkour Generations, da Inglaterra. “O Parkour está se profissionalizando. Até 2009, você via um vídeo na internet e ia para a rua tentar fazer. Hoje, quem quer começar a praticar tem à disposição tutoriais e também damos aulas”, complementa.
E ao mesmo tempo em que se profissionaliza, a atividade tenta manter sua filosofia. Inclusive, é difícil de se classificar o Parkour. Muitos afirmam que o PK é um esporte, outros argumentam que é uma arte ou mesmo uma disciplina. Consenso, porém, não existe. Nem competição. É que a ideia da atividade não é que você supere o outro, mas sim que você supere a si mesmo. “O Parkour nasceu do altruísmo. Começou com os Bombeiros, o Exército. Você superar obstáculos para ajudar os outros. Entretanto, se eu treinar para superar um oponente, não estarei treinando para me superar. E o Parkour é superação própria”, reflete Lucas. “ Hoje já começa a mudar, algumas pessoas já fazem competições, mas estamos tentando fazer algo que não comprometa a filosofia do Parkour”, pontua.

Espaços — Mas apesar da profissionalização, do altruísmo e da filosofia de auto-superação, o parkour ainda é visto com desconfiança por grande parte da população. Para Jânio Stunpff, do Movimento Araucariense Parkour (MAP), tal visão é equivocada e fruto do desconhecimento sobre o que é, de fato.“Ainda somos confundidos com vândalos, mas quem acaba conhecendo a atividade, conhece a nossa organização, percebe que estamos nos exercitando e não depredando algum lugar público”, afirma.
Em Araucária, inclusive, o MAP já faz a população rever os pré-conceitos criados sobre a atividade. É que o grupo está criando Parkour Parks (pistas de treino) em locais abandonadas, marcados como “ponto de drogas”. Nesses locais, são ainda espalhadas placas contra o uso de drogas e ofertadas aulas gratuitas para quem quer começar a praticar o Parkour.
“A sociedade agora tem nos recebido de braços abertos, tanto policiais quanto civis. Estão começando a ver que parkour é evolução geral”, argumenta.

Parkour
Melhores lugares de Curitiba para se praticar

Praça 29 de Março

Parque Tanguá

Farol do Saber da Pedreira Paulo Lemisnki

Brinquedão da Avenida Artur Bernardes, próximo ao chafariz dos anjos

Praça Ouvidor Pardinho

Centro Cívico

Praça do Atlético

Parque Barigui