sábado, 26 de março de 2011

Biblioteca da Câmara conta 318 anos de história



Livros que relatam os 318 anos da história de Curitiba estão guardados na Biblioteca da Câmara Municipal. Atas, audiências de juízes ordinários, livros de aferições, termos de verificações, diários oficiais, entre outros documentos, estão cuidadosamente armazenados para preservar a memória da cidade. A coleção mais rara é composta de documentos originais, manuscritos e em pergaminhos ou papel de seda. Eles relatam os primeiros provimentos da Coroa Portuguesa para a povoação da vila.
Ao todo, são 176 livros que foram restaurados em 1999, trabalho que permitiu  que fossem resgatados materiais desde 1694, ano seguinte à primeira eleição para a Câmara de Vereadores e a instalação da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (Curitiba). O Livro Tombo, que relata a fundação de Curitiba em 1693, está arquivado na Casa da Memória. Os documentos que estão na Câmara só podem ser manuseados com luvas descartáveis.
“O espaço tem grande riqueza histórica e pode ser frequentado por escolas que queiram fazer pesquisas sobre a cidade com seus alunos. Descobertas interessantes e surpreendentes podem surgir em uma atividade como esta, despertando nas crianças e adolescentes o interesse por aprender História”, ressalta o presidente da Câmara, João Cláudio Derosso (PSDB).
Numa rápida consulta aos  Boletins do Archivo Municipal de Curitiba  - publicações que traduzem os manuscritos das atas - já é possível encontrar fatos interessantes e que fazem o leitor viajar no tempo e saber um pouco mais sobre a formação da cidade. 
Uma ata de 20 de janeiro de 1721 relata a visita  do ouvidor Raphael Pires Pardinho à Vila. Dentre suas exigências, queria que o moradores limpassem “o Ribeiro” (Rio Belém) para evitar alagamentos em frente à Igreja Matriz. E que as novas casas continuassem as ruas que “estivessem principiadas, para que os habitantes tivessem vizinhos em casos de necessidade” e a vila, que possuía 1.400 habitantes, “crescesse uniformemente”.
Outra nota, de 29 de fevereiro 1748, conta que a Câmara condenava diversos moradores a pagar multas por não consertarem suas casas. Nesta época, era comum a população ser punida pela má conservação de suas edificações, que acabavam afetando a estética da cidade.
Em 22 de janeiro de 1847, vereadores ordenavam ao fiscal da cidade que apresentasse um orçamento para a conclusão do calçamento da rua do Fogo, atual travessa São Francisco, com paralelepípedos. Em 18 de janeiro de 1850, a Câmara liberava dez mil réis para melhorias que propiciariam a passagem de carroças na rua da “Carioca de Baixo”, que nesta sessão foi chamada “Rua do Commercio”. Hoje, esta via é a avenida Marechal Deodoro.  Carioca era um termo dado às fontes das cidades. Neste caso, a fonte ficava onde hoje é a praça Zacarias.
Outras notas dizem respeito a fatos que só se ouviu falar nos livros de história. Em sete de novembro de 1746, a Câmara registrava comunicado do rei Dom João V, em um alvará em forma de lei. Nela, havia a determinação para que os escravos fugidos, conhecidos como quilombolas, que se juntassem em quilombos voluntariamente, fossem marcados com ferro quente com a letra F no ombro. Caso o quilombola já fosse achado com a mesma marca, deveria lhe ser cortada uma orelha. 
Em 17 de maio de 1859, a “Coroação e Sagração de Sua Majestade Imperial” (D. Pedro II) era avisada à Câmara por meio de portaria do presidente da província. A Casa de Leis de Curitiba então ordenava que “se fizesse público por 'Editaes'” o fato em todas as freguesias e capelas do município. A população deveria iluminar suas casas e estavam todos convidados a participar do “Te-Deum Laudamus” (rito católico que significa “A Vós Deus, Louvamos”) e das missas cantadas que foram celebradas.
Arquivos recentes
As leis mais recentes em vigor no município, também estão armazenadas em uma coleção de 188 livros. A lei número um, após a ditadura de Getúlio Vargas, foi publicada em 13 de fevereiro de 1948. Nela, o seguinte texto: “Ficam isentos de multa, juros e demais majorações os faltosos para com a fazenda municipal, que saldarem os seus débitos, inclusive os do exercício financeiro de 1947, até 120 dias após a publicação desta lei”. 
Ao abrir qualquer um dos 188 livros de leis municipais, qualquer curitibano pode encontrar alguma coisa que identifique sua realidade atual com o passado, como leis que dão nome a vias importantes como a rua Augusto Stresser, a avenida Hugo Simas e a avenida Manoel Ribas.
Ainda no volume número 01 de leis, é possível encontrar o texto que denomina avenida Comendador Franco a “futura” avenida que deveria acompanhar a linha adutora de energia elétrica da Companhia Força e Luz do Paraná (atualmente Copel). 
Neste mesmo ano, a Câmara autorizou que a prefeitura doasse um terreno para a construção da Casa do Expedicionário Paranaense, na praça do Expedicionário. 
Todo este acervo está disponível ao público para consultas. A biblioteca está aberta para visitas, das 8h às 12h e das 14h às 17h30. Nos meses de janeiro, parte de fevereiro e julho, períodos em que a Câmara não realiza sessões plenárias, fica aberta somente à tarde.

sexta-feira, 25 de março de 2011


Combate à tuberculose

Diagnóstico precoce e tratamento correto

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Para marcar o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, que acontece hoje, e lembrar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento correto, a Secretaria de Saúde de Curitiba montou uma central de informações sobre a doença na Boca Maldita nesta quinta-feira.
“A tuberculose é uma doença altamente contagiosa, mas que têm cura. Essa cura é acessível a qualquer pessoa, independente do poder aquisitivo”, disse a responsável técnica pelo Programa Municipal de Controle da Tuberculose, Liza Rosso.
Cinquenta e cinco novos casos de tuberculose foram notificados em Curitiba em 2011 e estão sob acompanhamento nas unidades de saúde.
Tratamento - A medicação contra a doença é grátis e oferecida na unidade de saúde onde o paciente for diagnosticado e estiver sob tratamento. “Mas para o tratamento ser bem sucedido e evitar a resistência bacteriana, é necessário que o paciente obedeça às prescrições médicas”, destacou Liza.
 A estudante de instrumentação cirúrgica Kalíria Borba Bonfim, de 18 anos, é um exemplo. Diagnosticada com a doença aos 15 anos, fez o tratamento e ainda retorna à Unidade de Saúde Esmeralda, na Regional Boqueirão, para avaliação.
“Tive uma gripe atrás da outra naquela época. Emagreci muito, estava fraca e tinha febre. Nem suspeitava quando fiz o exame e quase não acreditei quando o pessoal da unidade de saúde veio até a minha casa trazer o resultado porque não tínhamos ido buscar. Mas fiz tudo direitinho e estou muito bem, tenho uma vida normal”, conta. Além de Kalíria, ninguém em casa ou no colégio, as pessoas de contato, tiveram o problema.
O aposentado Osiris Roriz fez questão de pegar um folheto sobre os sinais, sintomas e o que fazer em caso de suspeita de tuberculose. “Eu me preocupo muito com o meu filho que é fumante e, por isso, mais suscetível a problemas do aparelho respiratório”, contou ele, que fumou dos 18 aos 36 anos e cujo pai teve a doença duas vezes. “Quem sabe isso sensibiliza o rapaz”, disse.
Sintomas - A tuberculose é uma doença infecciosa de transmissão aérea, classificada como em estado de emergência pelo Ministério da Saúde desde 1993. Seu sintoma mais característico é a tosse contínua há pelo menos três semanas. Porém, também ocorrem febre discreta ao cair da tarde e escarro com sangue.
A doença se instala quando alguém doente tosse, espirra ou fala, contaminando com o bacilo de Koch um indivíduo sadio e com baixa imunidade. É o caso dos portadores do vírus da aids e dos diferentes tipos de câncer e transplantados, mais suscetíveis ao contágio.
O alcoolismo também está entre as doenças mais frequentemente associadas à tuberculose e que ajudam a explicar o abandono do tratamento e a ocorrência de óbitos indiretos.
Acompanhamento feito pelo Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde mostra que os homens respondem pela maior parte das notificações, da taxa de abandono e dos óbitos, enquanto as faixas etárias mais elevadas concentram a maior parte das ocorrências.
Incidência - Em 2010, em Curitiba, foram confirmados 438 casos novos da doença contra 450 do ano anterior. O número de óbitos caiu de 19, em 2009, para 13 no ano passado. Já o coeficiente de incidência foi de 25,1 por 100 mil habitantes, pouco superior aos 24,6 por 100 mil registrados em 2009.
Também no ano passado foram registrados 23 casos de abandono do tratamento e, entre os pacientes que tiveram boa adesão ao plano terapêutico, 76% de cura.  Em 2009 a cidade, que tem 1,75 milhão de habitantes, concentrava 17,6% dos casos do Estado.
A programação organizada pela Secretaria Municipal da Saúde para alertar a população sobre a tuberculose está acontecendo desde segunda-feira (21), em todas as unidades de saúde, e segue até sábado, aproveitando a programação dos locais onde haverá atividades do programa Comunidade Escola.