sábado, 5 de março de 2011

 Cidade e qualidade de vida

Escrito por Frei Betto 

Se considerarmos que o ser humano surgiu há cerca de 200 mil anos, a cidade é uma invenção relativamente recente. Durante milênios nossos ancestrais viveram como nômades coletores e, aos poucos, as técnicas de reprodução dos alimentos os fixaram como agricultores e pecuaristas. Havia, naquele longo período – como ainda hoje nas comunidades indígenas tribalizadas –, relação direta, e até venerável, entre o ser humano e a natureza. Nossos antepassados se alimentavam sem alterar ecossistemas, biomas, biodiversidade.

Essa relação se altera com o advento das cidades. E um dos relatos mais significativos de como isso ocorreu é o episódio bíblico da Torre de Babel (Gênesis 11, 1-9), jóia literária em menos de dez versículos.

Babel é semantema de Babilônia. Deriva da raiz hebraica "bil", que significa "confundir". Narra o texto bíblico que Javé, ao observar Babel, convenceu-se de que os humanos se fechavam em seus próprios e ambiciosos projetos, deixando de acolher os desígnios divinos. "Isso é o começo de suas iniciativas!" – disse o Senhor. "Agora nenhum projeto será irrealizável para eles".

Segundo o autor bíblico, após o Dilúvio "todos se serviam da mesma língua e das mesmas palavras". Não havia diversidade de enfoques e opiniões. O ponto de vista de um – o cacique, o chefe do clã, enfim, o poderoso - era o ponto de vista de todos. E a atividade agropastoril igualava as pessoas.

A invenção do tijolo e da argamassa provoca um movimento migratório do campo para a urbe. Os humanos decidem "construir uma cidade" – Babel.

O versículo 4 registra as propostas de construção da cidade e da torre, e destaca o principal motivo de tal empreitada: "Para ficarmos famosos e não nos dispersarmos pela face da Terra". Não se tratava de obter felicidade, bem-estar, bênçãos divinas. Importava a fama, possuir um nome sobreposto aos demais, e permanecer segregado, seguro.

A revolução tecnológica representada pelo tijolo (insuperada até hoje) imprime aos humanos a consciência de que não estão mais condicionados pela natureza. A relação se inverte. Agora é o ser humano que condiciona a natureza. Transforma-a em artefato.

Desprendido do ciclo da natureza, o ser humano já não funda sua identidade nos vínculos comunitários da sociedade agrária. Sua consciência se personaliza, ele se torna senhor do próprio destino, livre das mutações ecológicas que antes criavam nele a sensação de fatalidade e de temporalidade cíclica.

Tais avanços enchem os humanos de orgulho. Não satisfeitos de "construir a cidade", decidem abrir a "porta do deus", ou seja, erguer "uma torre cujo ápice penetre nos céus". Aqui o relato expressa duas ambições: a de edificar uma montanha artificial (a torre), repositório da divindade, e a de "penetrar nos céus", quebrar o limite entre o humano e o divino, o profano e o sagrado, a Terra e o Céu. Já não é a divindade que desce à Terra, é o ser humano que invade o Céu, graças à obra de suas mãos.

Antes que a soberba humana se inflasse ainda mais, Javé confundiu a linguagem dos habitantes de Babel e os dispersou. "Eles cessaram de construir a cidade". Portanto, Babel não foi maldição. Foi dádiva. Delimitou a ambição humana e revelou ser obra de Deus a diversidade de pontos de vista e opiniões, contrária à identificação entre autoridade e verdade.

Toda essa sabedoria explica a arrogância decorrente, ainda hoje, de avanços científicos e tecnológicos. Queremos ser deuses. Nossa busca de endeusamento e imortalidade se reflete na babel ou confusão reinante em nossas cidades. Não pensamos no comunitário ou coletivo, pensamos no individual e no lucrativo.

Assim, nos gabamos de que o Brasil vendeu, em 2010, mais de 3 milhões de veículos automotores, embora isso agrave a congestão metropolitana, a poluição, os acidentes, pela impossibilidade de fiscalizar tantos veículos e abrir tantos espaços urbanos para que se locomovam e estacionem. Não se investe o suficiente em transportes coletivos, assim como não se planeja o espaço urbano, alvo de especulação imobiliária e vulnerável a fenômenos climáticos decorrentes de desequilíbrios ambientais, o que causa enchentes, desabamentos e secas prolongadas.

Hoje em dia, ganha cada vez mais espaço a proposta de bem viver dos povos indígenas andinos, conhecida como sumak kawsay. Sumak significa plenitude e kawsay viver. Não se trata de viver melhor ou viver cercado de conforto. Trata-se de viver em plenitude.

Plenitude implica fazer da felicidade um projeto comunitário, coletivo. É saber construir relações de solidariedade, não de competição; de harmonia, não de hostilidade; e estabelecer com a natureza vínculos de parceria cuidadosa.... 

sexta-feira, 4 de março de 2011

Hoje, blitz de prevenção à aids e dengue na Rodoviária


Passageiros que estiverem embarcando na Rodoviária de Curitiba nesta sexta-feira (4), para passar o Carnaval fora da cidade, vão receber orientação sobre prevenção à aids e à dengue. O trabalho será feito pela Coordenação Municipal de DST e AIDS, em parceria com organizações não-governamentais (ongs) atuantes no segmento, das 14h às 18h.
principalNa Rodoviária, na sexta-freira, por causa do trânsito de passageiros para outras cidades e Estados, a Secretaria Municipal da Saúde aproveitará para reforçar também a prevenção da dengue. Neste ano, já foram registrados 13 casos importados da doença, ou seja, de moradores contaminados durante viagens de lazer ou trabalho.  O alerta contra o mosquito vetor da doença se repetirá no sábado (5), das 8h às 21h.
Além disso, o mesmo trabalho será levado às praças de pedágio das BR 277 (São Luís do Purunã), 116 (Fazenda Rio Grande) e 376 (São José dos Pinhais). Nesses pontos, funcionários das concessionárias das empresas responsáveis pela manutenção das vias entregarão, nas cancelas, os folhetos encaminhados pela Secretaria Municipal da Saúde.
Os usuários do transporte coletivo que passarem pelo terminal de ônibus Santa Felicidade, nas manhãs desta quinta-feira (4) e sexta-feira (5), serão alertados para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e aids também no Carnaval.
Entre 7h e 11h, os passageiros receberão fôlderes com dicas sobre o assunto e preservativos. O material será entregue por equipes do Distrito Santa Felicidade da Secretaria Municipal da Saúde.
Segundo a supervisora do Distrito Sanitário Santa Felicidade, Edna Tarbini, a ação é importante porque o local recebe cerca de 40 mil passageiros por dia. “É uma forma de ampliarmos o trabalho de educação em saúde e prevenção que nós, profissionais de saúde, desenvolvemos no dia-a-dia das unidades de saúde e nas abordagens feitas nas escolas e nos grupos de gestantes, adolescentes e idosos espalhados pela cidade”, explica.
Dengue e aids
Esses dois agravos fazem parte das ações preventivas da Secretaria Municipal da Saúde e, tradicionalmente, ganham destaque nos dias que antecedem e durante o Carnaval.  “Trata-se de questões de saúde importantes no país e que, com o incentivo das nossas estratégias de educação em saúde, e cujas formas de prevenção não podem ser esquecidas pela população”, diz a secretária municipal da Saúde, Eliane Chomatas.
Desde que a epidemia de HIV / AIDS começou a ser acompanhada em Curitiba, em 1984, foram diagnosticados 11 mil casos. O dado é de novembro de 2010. Cerca de 1,5 mil pessoas pertencem à faixa 14-24 anos, entre as quais aproximadamente 19% são mulheres - o segmento escolhido pelo Ministério da Saúde para a campanha de prevenção desencadeada para esse Carnaval. Em 2010, em Curitiba, 61 pessoas foram diagnosticadas na faixa etária, sendo 25 mulheres.
Enquanto a AIDS ocorre pela infecção pelo vírus HIV, por meio do contato com sangue ou secreções contaminadas (transfusão de sangue não testado, compartilhamento de agulhas e seringas e sexo sem proteção), a dengue ocorre quando o mosquito Aedes aegypti contaminado pica uma pessoa e inocula o vírus da doença.
O inseto se desenvolve em água limpa e parada – daí o combate permanente aos possíveis criadouros de focos de larvas do inseto (como pneus abandonados ao relento ou qualquer outro objetoque possa acumular água).
A dengue nunca registrou casos locais em Curitiba e, mesmo assim, não deixa de preocupar as autoridades sanitárias. É que apesar da vigilância constante executada em todos os bairros, a cidade já contabiliza 13 casos importados em 2011, além de 23 focos de larvas do mosquito. Dois eram residenciais.
Em 2010 ocorreram 65 focos e 76 casos importados e, em 2009, 37 focos e quatro casos importados.

terça-feira, 1 de março de 2011


Revitalização

Prefeitura investe R$ 19,4 milhões nas ruas Eduardo Pinto da Rocha e Antônio de Paula



A prefeitura de Curitiba inicia nos dias 23 e 24 de março as obras de revitalização das ruas Eduardo Pinto da Rocha e Desembargador Antônio de Paula. Aprovadas em audiência pública na última semana, as duas obras estão orçadas em R$ 19,4 milhões – recursos do Programa Pró-Cidades, financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).



Eduardo Pinto - As obras na Eduardo Pinto da Rocha começam no dia 23 de março e estão orçadas em R$ 13,3 milhões. A rua será asfaltada em toda a sua extensão (5,5 quilômetros) e terá obras de drenagem, calçadas, ciclovia, paisagismo, iluminação e uma rede subterrânea de transmissão de dados (infovia).
“É uma alegria podermos comemorar o início das obras da Eduardo Pinto da Rocha. É um trabalho resultante da vontade política do prefeito Luciano Ducci e que representa a realização do sonho dos moradores da região”, disse o vereador Roberto Hinça (PDT) ao participar da audiência pública que aprovou as obras na rua.
Antônio de Paula - As obras na rua Desembargador Antônio de Paula, no bairro Xaxim, começam no dia 24. Serão investidos R$ 6,1 milhões na revitalização. Serão pavimentados 2,2 quilômetros (desde o cruzamento com a rua Francisco Derosso, na divisa entre os bairros Xaxim e Alto Boqueirão até a avenida Marechal Floriano Peixoto) da rua.
Além da pavimentação, a rua receberá sistema de drenagem, calçadas com acessibilidade, paisagismo, iluminação e uma rede de dados subterrânea (infovia). As obras vão oferecer mais qualidade de vida e segurança no trânsito e transporte na área que integra os bairros Alto Boqueirão, Boqueirão e Xaxim, onde vivem 193 mil pessoas.
Futuramente, a Prefeitura deverá estender os trabalhos para além dos limites da Marechal Floriano criando uma nova ligação viária até a avenida Senador Salgado Filho

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011


Alimento saudável

Saúde orienta peixarias sobre higiene e qualidade



Representantes de peixarias, responsáveis técnicos pelo setor de pescados de supermercados e feirantes que vendem o produto participaram, neste final de semana, de uma reunião convocada pelo Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde.
O objetivo do encontro foi relembrar as exigências legais para o setor referentes à comercialização de frutos do mar, cujo consumo cresce na época da Páscoa.
principal“É uma garantia de qualidade do produto e de respeito à saúde para quem compra e também para quem vende”, explica a coordenadora do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) e da Vigilância Sanitária de Alimentos da secretaria, Ana Valéria Carli, que acompanhou toda a reunião. Pescados de origem duvidosa, mal conservados e manipulados indevidamente podem desencadear problemas como intoxicações alimentares.
Adesão - Das cerca de 80 peixarias cadastradas na Vigilância Sanitária, perto de 70 mandaram representante. Entre eles estava o gerente da peixaria São Marcos, nas Mercês, Jacson Borges, que há 16 anos atua na área. “Tudo o que pode somar ao trabalho que se faz é bem-vindo. Acho que esse tipo de esclarecimento deve ser levado não só a quem trabalha com frutos do mar mas a todas as pessoas que vendem alimentos em geral”, disse Borges.
Os participantes do encontro foram esclarecidos pela técnica Danielli Pontes da Silva sobre as boas práticas previstas na Resolução Municipal 06/2007, que abrange a constante lavagem das mãos dos manipuladores, condições da estrutura física e higiene das dependências da peixaria, conservação dos produtos, manipulação e até a qualidade do gelo empregado para manter o produto resfriado.
Danielli destacou também a necessidade de identificação de cada tipo de produto, na câmara fria, com os dados de procedência dos pescados e o número da nota fiscal na caixa. “Isso garante a rastreabilidade, caso se detecte irregularidades em algum produto”, disse.
Consumidor - Segundo Ana Valéria Carli, o consumidor pode ajudar muito a fiscalização. Ele deve comprar somente em locais com licença sanitária e cujos produtos tenham boa aparência (olhos brilhantes e dentro da órbita, escamas bem aderidas ao corpo, guelras rosadas ou vermelho-claras, carne com textura firme e aroma característico).
A temperatura de conservação – registrada nos termômetros dos balcões frigoríficos - pode variar de -2ºC a +2ºC para pescados frescos e ser de -25ºC a -18ºC para congelados. As etiquetas também dão pistas seguras sobre a validade e a procedência, assim como a higiene do local e dos atendentes.
Apesar de salgado, o bacalhau também precisa de atenção na hora de comprar. Como os demais peixes, ele deve estar sob refrigeração quando vendido em pedaços. Peças inteiras precisam estar nas caixas de origem, onde constam outras informações sobre o produto. Manchas brancas, marrons ou avermelhadas denunciam a deterioração do peixe.
Ana Valéria lembra também que, depois de comprar pescados de boa qualidade, o consumidor não pode deixar de zelar pela sua conservação na geladeira ou freezer doméstico. Não recongelar e proteger o produto da contaminação pelo contato com outros alimentos são medidas importantes para garantir a conservação do pescado e o bem-estar de quem vai consumi-lo.
Serviço:
Para denunciar irregularidades
Problemas com pescados ou qualquer outro tipo de alimento devem ser denunciadas à Vigilância Sanitária pelo telefone 156, inclusive aos sábados e domingos.