Cerca de 14 mil pessoas a partir de 40 anos já passaram pelas clínicas odontológicas da Prefeitura, desde outubro do ano passado para fazer o exame preventivo de câncer bucal. Deste total, 1.018 apresentaram lesões - quase todos foram casos mais simples, e apenas dezessete precisaram ser encaminhados para cirurgia em hospital. A informação é da coordenadora do Programa de Saúde Bucal da Secretaria Municipal da Saúde, Lise Villani de Souza. O Programa de Prevenção e Detecção do Câncer Bucal foi implantado há seis meses, para estimular a prevenção - principalmente dos homens com mais de 40 anos, faixa da população mais suscetível à doença. O monitoramento é considerado uma das prioridades da Prefeitura de Curitiba, e está entre as metas do contrato de gestão da Secretaria da Saúde. A expectativa é de que, até o final do ano, mais 20 mil pessoas se submetam ao exame.
Busca ativa - Em Curitiba, 106 unidades de saúde possuem clínica odontológica. As equipes podem usar várias estratégias para sensibilizar a população sobre a doença e trazê-la para fazer o diagnóstico precoce. Entre elas estão abordagens dos pacientes nas salas de espera das unidades e convites para os moradores da área de abrangência de cada uma.
O exame, feito mediante marcação de consulta, é grátis, indolor e rápido. As clínicas da Prefeitura também estão abertas para atendimento dos pacientes de dentistas da rede privada, por meio de parceria com o Conselho Regional de Odontologia (CRO).
Para ampliar a captação de pacientes, desde julho passado todos os 607 dentistas, 233 técnicos e 593 auxiliares de saúde bucal foram treinados para atrair os pacientes. "O treinamento foi necessário porque, até então, nossos dentistas aproveitavam a visita dos pacientes para a consulta e avaliávamos também aspectos relacionados ao câncer bucal. Agora chamamos o paciente, independente da demanda espontânea por consulta, para fazer uma investigação específica sobre sinais da doença", explica Lise.
A lesão - O câncer bucal pode aparecer no lábio, nas estruturas da boca ou em parte da garganta. Pode se apresentar por meio de feridas que não cicatrizam, inchaço, caroços, dormência, sangramento sem causa determinada ou dor contínua na garganta. Por isso, ao observar o surgimento de algum desses sinais, é importante procurar o dentista o quanto antes.
Na Unidade de Saúde, todo caso suspeito - minoria entre os pacientes examinados - é encaminhado é encaminhado para consulta com um dentista especializado em Estomatologia dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs). Lá mesmo é possível fazer a remoção de lesões de pequeno porte. As mais extensas são encaminhadas para o Hospital Erasto Gaertner.
Entre 1998 a 2004, informa estudo do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, a doença ocupou a 12ª posição entre os tipos mais freqüentes de câncer entre os residentes na cidade. Como os sintomas aparecem principalmente entre homens a partir dos 40 anos, são eles o principal alvo do programa. Entre as vítimas da doença, são diagnosticados 3,2 homens para cada mulher. Ela é a décima causa de morte entre eles, enquanto é a 36ª para elas.
A faixa etária mais frequente para o câncer bucal em Curitiba é a que vai dos 50 aos 59 anos, concentrando 32% dos casos. Entre todos os diagnósticos, porém, 93% aconteceram em maiores de 40 anos. Do universo geral de pacientes, 39,4% desenvolvem lesões na língua, 15,8% no lábio e 15,1% no assoalho da boca.
